Às vezes a gente não se dá conta, mas muitos animais de estimação tiveram um papel importante naqueles dias em que ficávamos nos perguntando quando a vida voltaria ao normal. Testemunhas silenciosas do nosso aborrecimento, cães e gatos, de certa forma, contribuíram para a nossa saúde mental em tempos de pandemia. Como fizeram isso? Nos pequenos detalhes. Um pequeno passeio na praça, um banho debaixo do chuveiro ou simplesmente aquela coisa peluda aquecendo o colo enquanto assistíamos a um filme. Parece pouco, mas ter uma companhia viva que traga responsabilidades em casa faz uma grande diferença quando o assunto é se sentir só e enclausurado.
Mas o que foi ruim para nós pode ter sido o maior golpe de sorte no cotidiano dos mascotes. Imagine o que passou na mente deles quando, de repente, passaram a ficar o dia inteiro junto de seus afetos, seus tutores? Se, por um lado, estamos começando a ver a luz no fim do túnel de que poderemos voltar a ter rotina fora de casa, para os pets a flexibilização pode não ter o mesmo impacto positivo. Depois de seis meses de convívio intenso, a saída do tutor pode ser motivo de alterações comportamentais - e é possível que afete até mesmo a saúde dos bichanos.
Sinais que podem denunciar um pet entristecido
- Uivos e latidos.
- Falta de apetite.
- Miados excessivos.
- Xixi fora do lugar.
- Sinais de ansiedade, como ficar caminhando sem parar pelos corredores.
- Esconder-se debaixo de móveis.
- Procurar insistentemente locais onde o tutor costuma estar (sofá da sala, cama)
Dentre esses sinais, os mais preocupantes ficam por conta das lambeduras e coceiras excessivas e a falta de interesse pela refeição.
Não subestime a sensibilidade do seu mascote. Se você já está retomando suas atividades fora de casa, não pense que é coincidência estar sobrando comida no pote do seu animal. Fique atento também à perda de pelo e ao coça-coça repentino e sem explicação. Esteja alerta aos pequenos sinais e procure preparar seu pet para o desapego iminente.
O que fazer para evitar o estresse do mascote
Se você passou a ficar o dia todo com seu mascote durante a pandemia, a ansiedade de separação se tornará inevitável quando a rotina começar a ser retomada. Já sabe que voltará às atividades em uma data preestabelecida? O melhor a fazer é ir treinando seu mascote a não ficar tão dependente do tutor como estava nos últimos meses.
Como reacostumar seu pet a ficar sozinho em casa
- Coloque o bichinho para dormir em outro cômodo da casa.
- Mesmo que você esteja em casa, leve-o em determinados momentos do dia de volta para seu antigo espaço - seja a área de serviço ou a cama dele.
- Deixe uma peça de roupa sua na caminha do seu pet.
- Se é um animal mais jovem, compre brinquedinhos novos.
- Se você contrata uma diarista e ela voltou ao trabalho, concilie os horários da profissional com a sua ausência. Permita seu pet ficar com outra pessoa.
- Contrate alguém para passear com o bichinho.
- Ofereça uma refeição saborosa.
- Estenda o tempo dele em uma petshop.
- Invista em uma creche para animais uma ou duas vezes por semana para seu bichinho se distrair.
- Peça ajuda a um vizinho ou familiar para dar uma espiadinha no seu pet no meio da tarde.
Mas lembre-se: seu mascote está se readaptando. Então nada de ações muito abruptas, se puder evitar. Sendo assim, quando voltar à noite, use a abuse do carinho tão desejado por seu animalzinho durante o dia. Isso ajuda a deixá-lo seguro e feliz. Invista mais no tempo em que estiverem juntos. O importante é ele se sentir amado, mesmo que menos horas por dia.
Quando devo me preocupar?
Se seu mascote é mais velho ou está adoecido, sua preocupação tem fundamento. Cães e gatos diabéticos, nefropatas e portadores de patologias cardíacas podem precisar de cuidados extras quando o assunto é ficar sozinho.
Esteja atento ao seu pet se ele necessitar de cuidados especiais. Converse com o veterinário e elabore com a assistência dele um planejamento gradual de readaptação do seu mascote. Talvez o bichinho necessite de check-ups periódicos durante esse período, pois mesmo as mais sutis alterações de humor possam afetar negativamente sua saúde delicada.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve semanalmente em revistadonna.com.