Um dos mais importantes cartunistas da Espanha, Jaume Capdevila participou de um debate neste sábado na Feira do Livro de Porto Alegre. O catalão Kap, como é conhecido, conversou sobre o papel do humor na Europa contemporânea com os artistas gráficos Santiago, Edgar Vasques e Schroder.
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- O humor não é contrário da seriedade, é o contrário da chatice. Em momentos de crise como este que vivemos é quando o humor se converte em uma ferramenta básica para a sobrevivência de indivíduo e da coletividade. O humor usa elementos lúdicos para falar do humano, conforta e gera dúvidas - afirmou Kap.
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O desenhista é conhecido por seus cartuns políticos no jornal LaVanguardia, jornal mais lido de Barcelona. Além disso, publica caricaturas de ídolos do futebol no Mundo Deportivo. Ele afirmou que sente liberdade para abordar qualquer tema pelo desenho, mesmo questões polêmicas em seu país, como a independência da Catalunha:
- LaVanguardia é visto fora de Barcelona como um jornal separatista, mas em Barcelona é encarado como um jornal contra a independência catalã. As pessoas não sabem minhas verdadeiras opiniões. Muitas vezes nem mesmo eu sei. Gosto disso. Para mim, o mais importante do desenhar é gerar dúvida. Cada charge é uma dúvida que se oferece ao leitor.
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Outros temas entraram em discussão no bate-papo, como o futuro da comunicação. O assunto foi tratado com graça para o cartunista:
- Estamos em um momento de mudança de paradigma. Não sabemos como será o futuro. A mudança gera dúvida, mas também gera oportunidades. Agora, por exemplo, há uma proximidade maior com o leitor, que pode curtir e comentar os desenhos diretamente. O futuro será ótimo para os desenhistas, mas o presente é terrível. Se encontrarem um desenhista, deem a ele de comer, convidem para ir até sua casa - disse Kap ao público, provocando risos.
Humor é tema de debates na Feira do Livro neste sábado
Sobre o massacre na revista Charlie Hebdo, Kap acredita que a ação não pode frear os avanços dos humoristas:
- O humor permite fazer o que não é permitido, saltar as normas. É muito importante que os humoristas explorem os limites, pois sempre teremos novos horizontes sobre os quais avançar. O humor é uma ferramenta para refletir, assim como a filosofia. Charlie Hebdo foi uma tragédia horrível, seria melhor que não houvesse ocorrido, mas creio que no futuro, será possível desenhar Maomé porque aqueles desenhistas começaram a explorar este limite.
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* Zero Hora
Literatura
"O humor não é contrário da seriedade, é o contrário da chatice", diz o desenhista Jaume Capdevila
Catalão conversou sobre o papel do humor na Europa contemporânea com os artistas gráficos Santiago, Edgar Vasques e Schroder
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