Quando subiu ao palco do Planeta Atlântida 2023, Matuê já havia mostrado que o trap veio para ficar. E veio mesmo. Neste ano, foram oito representantes do gênero no festival. Entre eles está o próprio Tuezin (como o artista é chamado pelos fãs), que desta vez subiu ao Palco Planeta acompanhado de Teto e Wiu, amigos e parceiros dele na gravadora 30PRAUM. Os dois também estiveram na edição anterior, no Palco Atlântida.
Antes de o show iniciar, um aviso sonoro alertou: "Atenção, este é um show da 30. Mulheres grávidas, crianças e pessoas mais sensíveis, cuidado". Foi justo, pois o que se viu na Saba, a partir do momento em que os três subiram ao palco, foi uma verdadeira explosão.
A sequência de hits foi iniciada com Flow Espacial, colaboração dos três. O empurra-empurra começou em Mantém, de Matuê e Wiu. Planetários pularam de um lado para o outro, em descontrole, mas ninguém parece ter se incomodado. Foi "tudo pela vibe", como diz a música.
M4, de Matuê e Teto, antecedeu É Sal, solo do primeiro. "Olha o caminhar do elemento/ É o passo bem lento, vai fechando o tempo/ Canhão, faca na cintura/ Disposição pra tombar duas viatura", diz a letra que colocou a Saba para pular.
Já Coração de Gelo, de Wiu, botou os planetários para bailar no ritmo do reggae. Na canção, o cearense lamenta a frieza da crush que "não quer mais saber de amor, só quer o isqueiro". Cada um com suas escolhas.
Outro alerta sonoro foi lançado para avisar que era chegada a hora de abrir a roda punk na Saba. O público do camarote obedeceu. No refrão de Manha, de Teto, planetários entraram no círculo para pular de um lado para o outro. O bate-cabeça estava instaurado.
Na música seguinte, Groupies, de Matuê, Teto e Doode, algumas pessoas no camarote já procuravam lugar para sentar. O cansaço bateu após a pulaçada que marcou a canção anterior, mas ninguém ficou muito tempo parado. Não tinha como: a sequência foi com Quer Voar, uma das mais estouradas entre as muitas músicas estouradas do repertório de Matuê.
Pitbull, de Wiu, seguiu mantendo o clima no alto. Com Mustang Preto, Teto legalizou a ostentação, direito de um jovem preto que conseguiu vencer na vida através da música. "Joga esse Mustang preto na minha garagem/ Ou uma Benz, ou uma Lambo, tanto faz, yeah, yeah/ No futuro, eu me vi comprando carros que me convenham/ Porsche, Rolls-Royce, que é pra ela poder mamar em paz", diz o refrão.
Na sequência, Wiu pediu para que todos acendessem o celular e convocou as gostosas para cantarem junto. As planetárias se identificaram com o chamado e firmaram o coro desde o primeiro verso de Felina: "Qual será a sensação que ela sente em se olhar no espelho e ver que é a mais gata?". As gostosas do Planeta Atlântida seguiram cantando até o fim.
PayPal, de Teto, também foi acompanhada com empenho pelo público. Mas foi Máquina do Tempo, de Matuê, que fez celulares serem erguidos em massa. Todo mundo queria registrar um dos maiores sucessos do Tuezin. Veja bem: um dos.
— Que cara gostoso! — opinou uma planetária, mirando o rapper sem camisa.
A temperatura subiu tanto que, na sequência, o trio convocou a produção para jogar água na plateia com uma mangueira de incêndio. Foi uma ideia que partiu do público. O show estava incendiário.
Molhados, os planetários se animaram com Zumzumzum, de Teto. Matuê seguiu embalando os presentes com Conexões de Máfia, Wiu veio com Tenho que me Decidir, e Teto fechou com Fim de Semana no Rio.
Os três se reuniram para cantar 777-666, de Matuê. Chamas foram projetadas nos telões do palco, que também ardeu com labaredas de pirotecnia. O fechamento foi com Vampiro, hit absoluto dos três.
"Ninguém paga minha luz, por isso que ela é minha/ Sou um ser de luz e ela brilha sozinha", diz o refrão, que depois avisa: "Quem manda é a 30". Ninguém ousaria questionar.
Quando as luzes do palco se apagaram, os planetários voltaram para casa com a certeza de que fizeram parte de um Planeta Atlântida histórico.