O Carnaval está chegando e nem sempre é possível estar nos bloquinhos ou nos desfiles das escolas de samba. Mas não é por isso que é preciso deixar de curtir a folia. Diversos filmes podem fazer com que a festa do Rei Momo entre na vida de quem quer estar no clima, mas sem deixar o conforto do sofá de casa.
GZH separou obras sobre a festa que estão disponíveis no streaming. Infelizmente, a ótima série Filhos do Carnaval (2006-2009), originalmente da HBO, ainda não entrou no catálogo da plataforma do canal e nem em outras — por isso, o foco será apenas em filmes. Por sorte, não faltam produções que estão a apenas alguns cliques de distância.
Veja abaixo alguns títulos, entre curta, animação, ficção e documentário, para se sentir dentro da folia:
Carnaval de Rua – Porto Alegre (1959)
Este curta-metragem documental transporta o espectador para mais de 60 anos no passado. Em pouco menos de cinco minutos, o filme, realizado pela produtora Wilkens Filmes, empresa cinematográfica de Carlos Wilkens (1913-1977) e de Heitor Baptista Wilkens (1921-1993), registra as festividades que ocorriam no coração de Porto Alegre, no encontro da Rua dos Andradas e da Avenida Borges Medeiros, nos anos 1950.
A obra, ainda que tenha pouco tempo de duração, é um recorte precioso do passado, mostrando a alegria dos foliões, que comemoravam abraçados o Carnaval. Mas, além disso, a produção consegue fazer um resumo muito competente de toda a festa, mostrando desde grandes bonecos abrindo alas para um bloco, passando por pessoas desfilando fantasiadas com cartazes, rainhas e princesas sendo nomeadas e intérpretes apresentando-se. E, mesmo sendo mudo, o filme consegue transpor toda a alegria dos porto-alegrenses.
Carnaval de Rua – Porto Alegre foi digitalizado pelo Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa (MuseCom), em 2018. O filme está disponível no YouTube (completo acima).
Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (2019)
No agreste pernambucano, os moradores da pacata cidade de Toritama vivem a maior parte de seu tempo trabalhando. No local, a cada ano, mais de 20 milhões de jeans são produzidos em fábricas de fundo de quintal — e os moradores se orgulham de serem os donos do seu próprio tempo, mesmo sem quase terem folga e, também, com pouco estudo.
Porém, durante o Carnaval, os moradores deixam de lado a lógica da acumulação de bens: eles vendem os seus pertences sem arrependimentos e fogem para as praias em busca de uma felicidade efêmera, deixando Toritama praticamente vazia. E é essa história que o longa conta. Além de ser um estudo sobre a mentalidade daquele grupo de pessoas, o documentário também retrata como funciona o sistema capitalista dentro daquela sociedade, que dá tudo de si por uma semana de liberdade anual.
O filme de Marcelo Gomes está disponível para locação no YouTube e na Apple TV.
Axé – Canto do Povo de um Lugar (2016)
O documentário já começa situando o espectador no clima do Carnaval, com Baianidade Nagô, cantada por Ivete Sangalo. A artista, quando canta "Já pintou verão / Calor no coração / A festa vai começar…", automaticamente gera expectativa para o começo da folia, independentemente da época do ano em que se assista ao filme.
O longa, dirigido por Chico Kertész, mostra como o axé carrega em sua essência boa parte de todo o sincretismo musical e cultural baiano. A obra reúne entrevistas com nomes consagrados e imagens de arquivo com objetivo de traçar um ponto inicial do nascimento do gênero até ele conquistar o mundo, tendo o Carnaval como o seu ápice. Envolvente e com um resgate histórico impecável, o documentário, é claro, ainda conta com uma trilha sonora perfeita.
Axé - Canto do Povo de um Lugar está disponível na Netflix.
Ó Paí, Ó (2007)
Protagonizado por Lázaro Ramos, o filme se passa em um animado cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador, na Bahia. Por lá, tudo é compartilhado pelos seus moradores, especialmente a paixão pelo Carnaval. Porém, a síndica do lugar, incomodada com a farra dos condôminos, decide cortar o fornecimento de água do prédio como forma de punição.
A falta d'água, no último dia da folia do Rei Momo, faz com que os moradores do local se unam para encontrar solução para o problema. Assim, a comédia musical comandada por Monique Gardenberg mostra como aquele peculiar grupo de pessoas busca se divertir enquanto contorna a falta de dinheiro. E, mesmo sendo um recorte bem baiano, ainda tem um toque gaúcho: a montagem do longa ficou sob responsabilidade de Giba Assis Brasil.
A continuação da obra já está filmada, mas ainda não tem uma data de estreia. Ó Paí, Ó está disponível no Globoplay e no YouTube (completo acima).
Rio (2011)
Na animação norte-americana — mas dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha —, Blu é uma arara azul que nasceu no Rio de Janeiro, mas foi capturada e acabou indo parar em Minnesota, nos Estados Unidos. Lá, o bichinho foi criado por Linda, até que um ornitólogo diz que Blu é o último macho da espécie e deseja que ele acasale com a única fêmea viva, que está em solo carioca.
Assim, Linda e Blu partem para o Brasil para conhecerem a arara Jade. Ambas as aves, porém, acabam sendo capturadas por contrabandistas de animais e precisam unir forças para escapar do cativeiro. Tudo isso, é claro, enquanto o Carnaval do Rio de Janeiro acontece — inclusive, parte do filme se passa durante os desfiles das escolas de samba.
Rio está disponível no Disney+.
Carnaval (2021)
Como o próprio nome do filme já diz, ele se passa no Carnaval. Com foco no público jovem, a obra original mistura a principal festa do Brasil com os adventos das redes sociais e dos influenciadores digitais. No filme, a influencer Nina (Giovana Cordeiro) descobre a traição do seu namorado por meio de um vídeo que viralizou na internet.
Ela, então, decide usar seus contatos para conseguir uma viagem com tudo pago para Salvador e curtir a folia com suas amigas (Gkay, Sâmia Pascotto e Bruna Inocencio). Por lá, ela vai descobrir uma nova perspectiva para a sua vida, além de perceber o verdadeiro valor da amizade. O filme percorre as ruas da capital da Bahia e consegue dar uma visão bem interessante sobre os valores do local, da música à religião.
O longa está disponível na Netflix.