
Com a versão em carne e osso — e muito CGI — de Alice no País das Maravilhas (2010) faturando mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias ao redor do mundo, a Disney descobriu um pote de ouro: fazer remakes de suas animações clássicas. A partir daí, uma onda dessas adaptações tomaram os cinemas nos últimos anos.
O estúdio até já tinha tentado emplacar essas versões alguns anos antes, com O Livro das Selvas (1994) e 101 Dálmatas (1996), mas foi com o longa de Alice, dirigido por Tim Burton, que a casa do Mickey Mouse viu que era possível "requentar" os sucessos do passado e, com isso, fazer ainda mais dinheiro.
Agora, o Disney+ acaba de lançar uma versão em live-action de Pinóquio, estrelado por Tom Hanks como Geppetto. A produção é a mais nova empreitada do estúdio em busca de reviver as glórias do passado. Porém, a versão com atores reais da animação de 1940 não agradou aos fãs e amargou notas baixíssimas nos sites especializados.
GZH, então, decidiu fazer um ranking da nova onda de adaptações em live-action dos clássicos da Disney, que ganhou tração a partir de 2010. Para tal, será calculada a média das notas dos críticos e do público nos principais agregadores de opiniões sobre cinema da internet: Rotten Tomatoes, IMDb e Metacritic. O critério para desempate foi a nota do público, contabilizada pelo IMDb. O resultado você confere abaixo, indo do filme menos querido até o mais amado.
Confira o ranking dos live-actions da Disney:

Pinóquio (2022)
Rotten Tomatoes: 4,7/10 (31% de aprovação) | IMDb: 5,1/10 | Metacritic: 41/100 | Média: 4,63
Pinóquio, lançado em 1940, é um dos grandes clássicos da Disney. Inegável. A história do boneco de madeira que ganha vida, porém, já teve diversas versões no cinema — desde a ficção científica de Steven Spielberg A.I.: Inteligência Artificial (2001), passando por duas com Roberto Benigni (com ele vivendo o boneco e, depois, Geppetto), até uma vindoura e sombria de Guillermo Del Toro para a Netflix.
Talvez por isso o estúdio do Mickey não sentiu confiança em investir pesado e mandar o seu live-action para o cinema, relegando a sua versão ao streaming e com um modesto orçamento de US$ 35 milhões. Apesar disso, trouxe Tom Hanks para viver Geppetto e Robert Zemeckis, de De Volta para o Futuro, para dirigir.
O longa, no entanto, não agradou ao público. E nem aos críticos. Foi a adaptação da Disney com as notas mais baixas, o que deveria, no mínimo, acender um alerta no estúdio: às vezes, é melhor pisar no freio e fazer os filmes com o mesmo carinho que tornou a animação original um clássico.

A Dama e o Vagabundo (2019)
Rotten Tomatoes: 5,8/10 (65% de aprovação) | IMDb: 6,2/10 | Metacritic: 48/100 | Média: 5,60
Primeiro grande investimento em conteúdo do Disney+, o remake em live-action da animação clássica de 1955 tem a sua fofura — afinal, são cachorrinhos que se amam —, mas, assim como boa parte das adaptações, falta emoção, o toque mágico que transforma uma produção em clássico. Apesar disso, o filme não ofende a obra original e ainda tem o seu charme. Era necessário? Não. Já caiu no esquecimento do público? Sim. Porém, é mais uma obra riscada da lista de novas versões que a Disney se colocou na obrigação de fazer em busca da moeda.

Dumbo (2019)
Rotten Tomatoes: 5,5/10 (45% de aprovação) | IMDb: 6,3/10 | Metacritic: 51/100 | Média: 5,63
A primeira das cinco refilmagens lançadas pela Disney em 2019 bem que tentou seguir a fórmula que tinha dado certo, trazendo Tim Burton, de Alice no País das Maravilhas (2010) para a direção, mas não colou. Apesar de ser esteticamente bonito e ter um elenco de peso, com Colin Farrell, Michael Keaton, Eva Green e Danny DeVito, o filme acaba tendo uma história exagerada e burocrática, perdendo toda a magia que fez da versão original, de 1941, um clássico.
Além disso, a produção, caríssima, que pode ter tido um orçamento de mais de US$ 200 milhões, nem conseguiu se pagar dentro dos Estados Unidos, dando prejuízo para a Disney. Dumbo em CGI, porém, ficou muito fofo.

Alice no País das Maravilhas (2010)
Rotten Tomatoes: 5,8/10 (51% de aprovação) | IMDb: 6,4/10 | Metacritic: 53/100 | Média: 5,83
O filme que começou tudo, regravando a história de Alice no País das Maravilhas (1951). A produção, comandada por Tim Burton e com Johnny Depp no elenco, foi uma grande aposta da Disney, que investiu cerca de US$ 200 milhões para realizar a obra. O retorno, porém, foi muito maior do que o imaginado: mais de US$ 1 bilhão arrecadados nas bilheterias do mundo inteiro. E a estética da produção ainda virou fenômeno na década passada, conquistando muitos fãs jovens, mesmo que a crítica ficasse dividida.
O longa venceu dois Oscar, por melhor figurino e melhor direção de arte, e abriu as portas para toda uma leva de live-actions que vieram na sequência. A própria história de Alice ganhou um novo episódio, Alice Através do Espelho (2016), com o mesmo elenco, mas sem Burton. O retorno financeiro, no entanto, sequer chegou perto do sucesso de seu antecessor: menos de US$ 300 milhões.

Aladdin (2019)
Rotten Tomatoes: 5,9/10 (57% de aprovação) | IMDb: 6,9/10 | Metacritic: 53/100 | Média: 6,03
O segundo filme da linha de produção que a Disney montou para 2019 foi Aladdin, que adapta a história do clássico de 1992 de mesmo nome. Para a direção, o frenético Guy Ritchie foi escalado e, para o papel de destaque de Gênio, Will Smith foi anunciado — e azulado. O longa é divertido e adapta quase que fielmente a história da animação, reajustando algumas cenas para uma melhor fluidez — as mudanças, porém, irritaram alguns fãs.
Embora nitidamente grandioso e com um orçamento pomposo, o longa deixa a desejar na questão do encantamento que a versão original tinha. Divertido, mas que pouco se justifica como filme, Aladdin foi um sucesso nos cinemas e fez mais de US$ 1 bilhão pelo mundo.

Malévola (2014)
Rotten Tomatoes: 5,7/10 (53% de aprovação) | IMDb: 6,9/10 | Metacritic: 56/100 | Média: 6,06
A segunda empreitada da Disney nesta onda de remakes em live-action foi contar a história de A Bela Adormecida, de 1959, pelos olhos da vilã Malévola. A empresa do Mickey Mouse escolheu Angelina Jolie para protagonizar o longa, que foi muitíssimo bem de bilheteria, faturando mais de US$ 750 milhões, apesar de uma recepção morna por parte da crítica especializada.
O longa acabou ganhando uma continuação chamada Malévola: Dona do Mal, uma das cinco adaptações em live-action que a Disney fez em 2019, mas sem o sucesso financeiro de seu antecessor, mesmo tendo conquistado elogios dos críticos.

O Rei Leão (2019)
Rotten Tomatoes: 6,0/10 (52% de aprovação) | IMDb: 6,8/10 | Metacritic: 55/100 | Média: 6,10
O ápice comercial da Disney em questão de remakes de suas animações. O Rei Leão já tinha sido um sucesso estrondoso em sua versão animada, lançada em 1994, mas, para a adaptação a aposta foi muito maior: US$ 260 milhões investidos e Jon Favreau, do sucesso Mogli: O Menino Lobo (2016), no comando. O resultado foi uma bilheteria de mais de US$ 1,6 bilhão no mundo todo, colocando a versão live-action — que, na verdade, é totalmente em CGI — como um dos maiores filmes de todos os tempos.
Apesar do enorme retorno financeiro, o longa-metragem não encantou o público, que reclamou da falta de expressões dos animais criados digitalmente. O grande destaque fica com Timão e Pumba, que roubam a cena. Ah, e o elenco de vozes é do primeiro escalão: Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen, James Earl Jones — reprisando o seu papel de Mufasa — e a lista segue. Visualmente lindo, mas funcionaria melhor como documentário sobre a vida animal.

Mulan (2020)
Rotten Tomatoes: 6,7/10 (73% de aprovação) | IMDb: 5,7/10 | Metacritic: 66/100 | Média: 6,33
Muito prejudicado pelos adiamentos e incertezas da pandemia, Mulan foi um investimento altíssimo, buscando agradar ao mercado asiático também, mas não foi bem-sucedido. Enquanto se preocupou com detalhes — como remover o dragão Mushu, que era personagem querido da animação, para não ofender os chineses —, a produção derrapou em vários outros aspectos da cultura oriental, sendo boicotado por lá.
Acabou sendo lançado diretamente no Disney+ e foi um grande prejuízo para o estúdio, já que o seu custo de produção girou em torno de US$ 200 milhões. E o resultado final foi apenas um filme mediano, sem sequer chegar perto do impacto de sua versão original, de 1998.

Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível (2018)
Rotten Tomatoes: 6,2/10 (72% de aprovação) | IMDb: 7,2/10 | Metacritic: 60/100 | Média: 6,46
Apesar de vir logo após o arrasa-quarteirão A Bela e a Fera (2017), Christopher Robin, adaptação das histórias de O Ursinho Pooh, é um filme menor, sem a intenção de ser um blockbuster. Na história, o protagonista que dá nome à produção e que é vivido por Ewan McGregor reencontra os seus antigos amigos de infância, seus bichos de pelúcia, e, assim, sua alegria de viver.
Dirigido pelo competente Marc Forster, o longa tem todo um clima mais depressivo, mas, aos poucos, vai entregando doses de emoção e de humor — principalmente, com o burrinho Ió. Uma ótima aventura e que, dificilmente, não fará com que você fique com os olhos marejados. Apesar de ser um filme de orçamento menor, fez sucesso nos cinemas, arrecadando quase US$ 200 milhões.

Cruella (2021)
Rotten Tomatoes: 6,8/10 (74% de aprovação) | IMDb: 7,3/10 | Metacritic: 59/100 | Média: 6,66
A Disney já tinha feito versões em live-action de 101 Dálmatas (1961) — uma homônima em 1996 e outra chamada 102 Dálmatas em 2000—, mas, dentro do processo de humanizar vilões — tal qual fez em Malévola —, decidiu que Cruella de Vil seria um bom personagem para explorar. De fato, foi, apesar de tirar a graça dos vilões serem vilões apenas por serem maus.
O filme é uma divertida viagem pela Londres dos anos 1970, trazendo um visual deslumbrante e figurinos incríveis — inclusive, vencendo o Oscar nesta categoria. Além disso, Emma Stone como a personagem-título casou perfeitamente e entrega um entretenimento de qualidade para o público, com pitadinhas de malvadeza. Precisava contar essa origem da vilã? Não. Mas foi uma experiência divertida — e que deve ganhar continuação, devido ao seu sucesso.

A Bela e a Fera (2017)
Rotten Tomatoes: 6,7/10 (71% de aprovação) | IMDb: 7,1/10 | Metacritic: 65/100 | Média: 6,76
Lindo, mas sem emoção. A Bela e a Fera é luxuoso, muito bem finalizado, mas faltou a química para que o longa chegasse ao seu auge. Emma Watson vive a protagonista e é acompanhada de um poderoso elenco de vozes, que vai de Ewan McGregor a Ian McKellen. Todos os ingredientes são ótimos, só a dosagem do tempero que foi escassa.
Mesmo assim, o longa-metragem foi um fenômeno de bilheteria e boa parte dos fãs adorou ver a Hermione de Harry Potter como princesa da Disney, tanto é que a aventura romântica faturou mais de US$ 1,2 bilhão mundialmente — o maior sucesso do estúdio nesta empreitada de adaptar as animações até então. Mas foi a partir dele que o processo acabou perdendo um pouco o encanto ao se tornar mais como uma linha de produção.

Cinderela (2015)
Rotten Tomatoes: 7,2/10 (83% de aprovação) | IMDb: 6,9/10 | Metacritic: 67/100 | Média: 6,93
O diretor shakespeariano Kenneth Branagh foi o escolhido para comandar a versão live-action da Disney de Cinderela. Esta terceira imersão nas adaptações das animações do estúdio foi a primeira que recebeu aclamação da crítica e do público, que elogiou as atualizações na história e, também, a fidelidade a pontos importantes da trama.
O longa faturou menos nas bilheterias do que seus dois antecessores, Alice no País das Maravilhas e Malévola, arrecadando US$ 543 milhões. A história tem Lily James como protagonista, Helena Bonham Carter como Fada Madrinha e Cate Blanchett como Madrasta.

Mogli: O Menino Lobo (2016)
Rotten Tomatoes: 7,70/10 (94% de aprovação) | IMDb: 7,4/10 | Metacritic: 77/100 | Média: 7,60
Provavelmente, o auge das versões live-action da Disney aconteceu com Mogli: O Menino Lobo — vale lembrar que a Disney já tinha feito outra adaptação da história com atores (e bichos) de verdade em 1994, mostrando Mogli já adulto, mas que não foi tão bem recebida. No filme de 2016, que foi comandado por Jon Favreau, tudo deu certo, desde a história redondinha e muito bem adaptada até os efeitos especiais de primeira, explorando novas técnicas de interação entre atores e seres digitais — sendo a maioria com vozes de grandes astros de Hollywood, como Bill Murray, Scarlett Johansson e Idris Elba.
Não para menos, venceu o Oscar de melhores efeitos visuais e arrecadou quase US$ 1 bilhão nas bilheterias ao redor do mundo, além da aclamação da crítica especializada. Um sucesso.