
A seguir, um texto do jornalista Antônio Goulart, primeiro titular da coluna Almanaque Gaúcho, que nesta sexta-feira (20) completa 20 anos:
“No dia 20 de setembro de 1999, Dia do Gaúcho, teve início em Zero Hora o Almanaque Gaúcho. A convite de Marcelo Rech, diretor de redação na época e idealizador da página, fui seu primeiro editor. O segundo foi Olyr Zavaschi, falecido em 2011. Atualmente, quem ocupa a vaga, há oito anos, é Ricardo Chaves.
Nestes 20 anos, a coluna – que vem valorizando particularmente aspectos tradicionais da vida rio-grandense e o jeito de ser do gaúcho – se consolidou e, hoje, é um dos espaços mais apreciados por significativa parcela dos leitores. Estes, aliás, tornaram-se valiosos colaboradores, enviando, com frequência, textos e fotografias, retratando episódios de suas regiões ou divulgando os encontros de suas famílias.
Em 2005, o Almanaque já foi objeto de um livro, projeto do jornalista Pedro Haase Filho, editado pela RBS Publicações, dando destaque para as principais matérias publicadas até aquela data. A coluna mereceu também, em mais de uma ocasião, moções de aplauso de câmaras de vereadores, como em julho de 2000, em Canela, na Serra, por parte do vereador Feliciano Foss, bem como um voto de congratulações do Conselho Deliberativo da Associação Riograndense de Imprensa, assinado pelo seu presidente, Alberto André.
A primeira carta que chegou à redação, 10 dias após o início da coluna, foi da médica porto-alegrense Gládis da Cruz Fonseca. Saudava o Almanaque como “uma página amena em meio a tantas notícias desagradáveis e estressantes”. Logo em seguida, o aeronauta Paulo Aurélio Coutinho, de São Leopoldo, no Vale do Sinos, comunicava que era assinante de ZH só de fim de semana, e que passara a comprar o jornal diariamente “por causa do Almanaque Gaúcho”. Não demorou para surgir, sem dúvida, a leitora mais assídua e missivista mais persistente da coluna, a senhora Maria Lourdes Derenji, de Canoas, na Região Metropolitana. Com muita frequência, ela nos escreve para elogiar e destacar as matérias que mais chamam sua atenção.
A edição de estreia do Almanaque Gaúcho, como não podia deixar de ser, lembrou a data comemorativa, dando ênfase à primeira chama crioula acesa no Rio Grande do Sul, em 1947, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, na Capital, pelo estudante Paixão Côrtes, que tinha, à época, 19 anos. Foi o início, de forma organizada, das comemorações farroupilhas do 20 de Setembro, que hoje figuram com destaque no nosso calendário de eventos.

Zero Hora, em sua edição de 20 de setembro de 1999, trazia como manchete de capa: “Brasil põe em vigor restrições à Argentina”. Em segundo plano destacava: “Acidente mata cinco pessoas da mesma família”. Como se percebe, cenas que parecem se repetir 20 anos depois. O poema Coração Farroupilha, de Luiz Coronel, foi o primeiro a figurar no espaço poético da coluna.
A primeira piada do Almanaque, que na verdade não era piada, foi a reprodução de um fato ocorrido na Capital durante um desfile de 20 de Setembro. Um gaúcho, todo garboso, se exibia diante do palanque oficial quando seu cavalo escorregou e o jogou ao asfalto. Ele se levanta de pressa, ajeita a indumentária e, meio sem graça, olha para o público e explica: ‘Ué, cada um apeia do jeito que gosta’. A primeira curiosidade falava do fogo de chão que, desde 1818 (há 201 anos), vem sendo mantido aceso, ininterruptamente, ao longo de gerações, pela família Pires, na Fazenda Boqueirão, no município de São Sepé, na Região Central. Atualmente, a proprietária é Gilda Maria Pires Faria.
Este é o Almanaque Gaúcho que, há duas décadas, vem registrando fatos históricos e curiosos do nosso passado, nas mais diversas áreas. Jovem ainda, pretende se manter aceso, tal como o fogo de São Sepé.”