Casos de intolerância se repetem diariamente, envolvendo violência física, psicológica, moral e sexual. Em quantidade crescente, ocorrências são, ainda, gravadas e compartilhadas nas redes sociais e acumulam-se nos noticiários.
Atualmente, atos de agressão dificilmente passam incólumes sem o registro em vídeo, tamanha a vigilância existente na sociedade. Houve, ainda, registro de violência em área pública acompanhada de sorrisos de deboche e da promessa do compartilhamento da gravação.
Ainda que inexistam números confirmando o aumento desses casos de violência, e mesmo estudos que listem os motivos para a aparente falta de empatia com a subjugação e o sofrimento alheios, especialistas em saúde mental acreditam que se trata de uma tendência real, justificada por diferentes fatores da vida em sociedade hoje. Um deles é a conformação de um cenário pós-traumático. GZH ouviu psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, que discorreram sobre o aumento desses casos de violência e abordaram as razões para o fenômeno. Estamos ficando indiferentes e menos humanos?
Quando o ser humano passa a viver “no automático”, é preciso acender o alerta e retomar a consciência do que está ocorrendo.
Como fazer isso? Siga uma série de dicas:
- Tenha como princípio de vida: nenhuma forma de violência é aceitável, em qualquer ambiente. Não se pode banalizar a violência.
- Perceba as “pequenas violências” do dia a dia: o grito, a raiva, o gesto obsceno, e procure refletir sobre os momentos em que se está agindo com violência, com raiva ou com impulsividade.
- Tome consciência das suas emoções e trabalhe com elas: o que te faz ter
raiva? O que te faz sentir medo? Como você lida com os outros? - Se você se percebe agindo de forma agressiva, além de procurar formas de lidar com sentimentos interiores que levam a agir dessa forma, pense também nas pessoas para as quais você está direcionando a violência. Que conflitos levaram a isso? Há como resolver esse conflito sem agressividade?
- Aprenda e exercite formas de comunicação não violenta: procure comunicar o que te incomoda sem levantar a voz, sem fazer um drama ou sem tom emocional. Comunique de forma clara, objetiva e direta.
- Não discuta com a cabeça quente. O melhor momento de se comunicar é quando estamos de cabeça fria.
- Se a conversa começa pacífica, mas os ânimos se elevam, interrompa, se acalme e recomece depois, com a cabeça fria.
- Se não há conversa ou diálogo em uma relação interpessoal, é preciso se perguntar se é possível tolerar essa forma de relação com o outro. Se é intolerável, o melhor é se afastar da pessoa que te faz mal e se aproximar de quem te faz bem.
- Estresse crônico, irritabilidade, crises de raiva, agressividade e medo podem representar problemas de saúde mental. Nesses casos, procure a ajuda de um profissional da área. Faça terapia com psicólogo, psiquiatra ou psicanalista e, juntamente com esses profissionais, avalie o que está ocorrendo.
Fonte: psiquiatra e professor da UFSM Vitor Calegaro
Leia também: