A militante comunista Maria Prestes, viúva de Luís Carlos Prestes, morreu aos 92 anos na noite de sexta-feira (4) no Rio de Janeiro. De acordo com nota oficial do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e publicações de familiares, ela faleceu em decorrência de complicações ocasionadas pela covid-19.
Maria foi internada no final de janeiro, em um hospital no Rio, ao ser diagnosticada com sintomas gripais. Depois de realizar o exame, recebeu a confirmação do quadro de covid-19. Segundo Edna Calheiros, presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Rio de Janeiro (Cedim-RJ) e amiga da militante, Maria já havia tomado as três doses da vacina.
No Twitter, Ana Prestes, neta de Maria, fez uma homenagem à avô. "Partiu uma grande brasileira. Dona Maria Prestes, que também foi Maria do Carmo ou Altamira ou todos os nomes que precisasse usar para seguir lutando por liberdade, democracia e justiça social. Uma comunista orgulhosa de sua luta e a mais maravilhosa avó que alguém poderia ter", diz a publicação.
O PCdoB também se manifestou sobre a morte de Maria e utilizou suas redes sociais para agradecê-la pela contribuição dada ao partido.
"A luta pelo socialismo perde uma de suas guerreiras, mas seu exemplo e legado enchem de esperança os que seguem levantando sua bandeira e inspiram as novas gerações que seguirão seu caminho. O PCdoB, comovido e honrado por ter convivido e se enriquecido com suas contribuições, rende as mais sentidas homenagens à sua memória. Dona Maria viverá para sempre na memória e na luta dos que batalham por um mundo de paz e justiça", diz a nota.
A ex-presidente Dilma Rousseff, 74 anos, lamentou em nome do Partido dos Trabalhadores (PT), o falecimento da militante comunista.
"Pela coragem, pela firmeza, pelo talento como escritora e pelo amor ao Brasil, mulheres como Maria Prestes não morrem. Seguem vivas em nossa memória e serão eternas, como exemplo aos que ficam. Meu carinho aos seus filhos, netos e companheiros de luta", publicou Dilma.
Além da ex-presidente, Natália Bonavides, advogada e deputada federal do Rio Grande do Norte, prestou apoio aos amigos e familiares por meio de uma publicação no Twitter. "Acabo de receber a notícia que Maria Prestes nos deixou. Sem dúvidas, sua valentia e afeto seguirão como legado na história, inspirando todas e todos que lutam por um país melhor, mais justo e democrático. Minha solidariedade à amiga Mariana Prestes e a toda a família de Maria", escreveu.
Wadih Damous, advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), se manifestou sobre a morte da militante e exaltou as qualidades dela. "Morreu, há pouco, Dona Maria Prestes, revolucionária, militante do Partido Comunista Brasileiro. A companheira Maria era viúva de Luís Carlos Prestes. Os povos oprimidos de todo o mundo lamentam essa perda. Foi mais uma vida valorosa que a covid-19 ceifou", diz a publicação.
História
Altamira Rodrigues Sobral, conhecida como Maria Prestes, nasceu no dia 2 de fevereiro de 1930, em Recife. Ela é filha de João Rodrigues Sobral e Mariana Ribas Pontes Rodrigues Sobral, ambos militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Maria se engajou na militância comunista aos 13 anos, seguindo os passos do pai, João Rodrigues Sobral, dirigente do PCB. Como militante do partido, ela foi designada, em 1952, aos 20 anos, para trabalhar na segurança de Luís Carlos Prestes. Pouco tempo depois, começaram o relacionamento, que duraria até a morte do líder histórico do PCB, em 7 de março de 1990. Da relação, nasceram sete filhos: Antônio João, Ermelinda, Luís Carlos, Mariana, Rosa, Yuri e Zóia, além de Prestes ter assumido a paternidade dos dois filhos mais velhos de Maria, Pedro e Paulo.
Desde a década de 1980, após retornar do exílio na então União Soviética, Prestes era filiado do PDT de Leonel Brizola. Após o falecimento do marido, Maria seguiu sua militância, sendo considerada como "amiga estimada do PCdoB".
Além de militante, Maria escrevia. As obras de maior destaque são Meu Companheiro e O Sabor Clandestino de Maria Prestes. O último é um conjunto de crônicas sobre a década de 1970, época em que ela e o marido viveram exilados em Moscou.
Desde a morte do marido, Maria optou por não se casar novamente. Ela estava vivendo no Rio de Janeiro com os filhos, netos e bisnetos.