O trajeto da realização do sonho de Simoni dos Santos, 32 anos, parte do bairro Bom Jesus, na Capital, onde nasceu e cresceu, com destino à Tailândia, país da Ásia. Lá, ela pretende lutar no campeonato mundial de muay thai — um tipo de arte marcial. Atualmente moradora do bairro Vila Nova, na zona sul, Simoni busca ajuda para viajar.
Após lutar na Copa RS de Muay Thai, foi classificada para participar do campeonato mundial em Bangcoc, capital tailandesa. Ela irá concorrer ao título da categoria 60kg no torneio da WMO (World Muay Thay Organization). Contudo, sem patrocinador e bolsista da Academia MFT Lutas, ela vende rifas para arrecadar o valor da viagem até a Tailândia. A atleta precisa cerca de R$ 7 mil até o dia 7 de março, quando deverá decolar para o destino.
Mãe de quatros filhos, Simoni produz e vende doces, contando com a colaboração do marido, o mecânico Humberto Marquês dos Santos, 42 anos. Porém, a produção dos doces está parada desde que ela conquistou a vaga ao mundial, pois treina mais de 12 horas por dia, em seis dias da semana.
Amor pela luta
Encantada por lutas desde os sete anos, Simoni fugia das aulas de balé, em um projeto social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para participar de treinos de judô, numa sala ao lado.
— Consegui enganar minha mãe por dois meses. Ela descobriu porque eu tive que participar de um campeonato — relembra a atleta.
Mesmo se destacando como lutadora, segundo Simoni, sua infância e adolescência foram difíceis, e ela largou o esporte ao descobrir a primeira gravidez.
— Desde que nasceu meu primeiro filho (Alisson, 14 anos), eu estava sem lutar. Fiquei mais de 10 anos sem praticar — relata.
Depois de Alisson, Simoni teve três meninas (Larissa, sete anos, Manuella, três anos, e Thaina, 13 anos) e, hoje, também cuida da prima Kathlin, 14 anos. Segundo ela, a inspiração para lutar veio como forma de superar os traumas.
— Há três anos, perdi meu irmão e estava entrando em depressão. Eu pesava 95kg. Um amigo me sugeriu entrar na academia de musculação, mas não gosto — conta Simoni.
A partir de recomendação do amigo, ela começou a treinar em um saco de pancadas dentro da academia até conseguir uma bolsa, pois não tem condições de pagar pelas aulas.
Dedicação nos tatames
Sem faltar a nenhum treino, Simoni participou de oito campeonatos em Porto Alegre. Em todos, ficou nas primeiras posições. O treinador responsável, Thiago Minu, 39 anos, acredita na capacidade dela para vencer o campeonato mundial.
— Quem a descobriu foi o professor Mattheus Golasz. Sua força vem de tudo que já passou na vida. Ela é muito forte e não desiste na hora da luta. É uma pessoa que serve de exemplo, pois não reclama dos problemas — conta o treinador.
Se vencer o campeonato, Simoni terá reconhecimento mundial e poderá disputar uma vaga no Programa Bolsa Atleta — auxílio do governo federal que patrocina atletas brasileiros de alto rendimento em competições nacionais e internacionais. Com o valor da bolsa, Simoni teria estabilidade para continuar os treinos e cuidar da família.
Viagem internacional
Faltando poucos dias para a viagem, ela tem apenas as passagens, que comprou com o apoio da academia. Ainda faltam os valores para hospedagem e alimentação, pois serão duas semanas fora do Brasil.
— Além de Porto Alegre, só conheço Canoas. Agora, vou viajar para fora. Já fico nervosa só de pensar no avião subindo — conta Simoni.
Ela terá a companhia de 28 atletas brasileiros e do presidente da Confederação Brasileira de Muay Thai, Artur Mariano.
Como ajudar
- Para doar ou obter informações sobre a rifa, entre em contato pelos telefones (51) 98184-7222, com Simoni, ou (51) 3110-7497, com a Academia MFT Lutas.
- Também é possível fazer contato pelo e-mail thiagominu@gmail.com.