Em um trecho de cerca de 20 quilômetros do litoral sul gaúcho, entre Bacopari (conhecida como Lagoa Azul) e Solidão, mais de 30 tartarugas (como essa da foto) foram encontradas mortas neste domingo.
Conforme a bióloga Cariane Campos Trigo, especialista em tartarugas do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), da UFRGS, afirma que as principais causas disso são "humanas".
- Até o final do verão, quem passar pelo nosso litoral, principalmente pela Zona Sul, vai se deparar com isso. E os maiores culpados somos nós, humanos - afirma Cariane, que participa do monitoramento do litoral gaúcho desde 1991.
Segundo ela, embora impressione, a cena não é incomum nesta época do ano. As cinco espécies que ocorrem no país - tartarugas cabeçuda (caretta caretta), verde (chelonia mydas), de couro (dermochelys coriacea), de pente (eretmochelys imbricata), e oliva (lepidochelys olivacea) - vêm para a costa gaúcha para se alimentar a partir de setembro. Por isso, são encontradas com maior frequência e, consequentemente, acaba morrendo um maior número de animais.
- A principal causa de morte são as redes de pesca, lançadas por barcos industriais, muitas vezes ilegais, pois não existe fiscalização. Elas vão para a superfície respirar e acabam presas acidentalmente nas redes - aponta Cariane. Além disso, outro grande culpado, acrescenta, é o lixo, principalmente o plástico.
- As tartarugas confundem o alimento com o lixo, e acabam ingerindo aquilo que nós produzimos e que vai parar no oceano - acrescenta a especialista.