Seria interessante que cada Estado brasileiro tivesse versões estaduais ou municipais da Lava-Jato, dedicadas a combater corrupção. Alvos não faltam e, em Porto Alegre, um dos ninhos de negócios mal-contados é o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Ali parece estar concentrado o reino dos serviços de faz de conta.
As primeiras revelações sobre a verdadeira máquina de superfaturamento montada nessa repartição destinada a limpar bueiros surgiram em Zero Hora, via investigação da colega Adriana Irion. Em 2016, ela fotografou, contou e checou as limpezas patrocinadas pelo DEP - e constatou 226 bocas de lobo inexistentes na Capital. Existiam no papel, a limpeza delas era cobrada, mas o serviço não era feito. Onde foi parar o dinheiro desse saneamento?
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Aí surgiu o Grupo de Investigação da RBS (GDI) e Adriana continuou a atuar. Comprovou descontrole em serviços da Cootravipa (a cooperativa de limpeza de ruas), inclusive uso de caminhões da empresa para realizar frete no horário em que diziam estar atuando para a prefeitura.
Foi com base nas revelações das reportagens que a Polícia Civil começou suas investigações, agora bastante avançadas. Desencadeada nesta segunda-feira, a Operação Tormenta mira diretores do DEP e da Cootravipa. É checada a fase de averiguar para onde foi o dinheiro superfaturado.
Foi exatamente com essa missão que surgiu o GDI: revelar problemas, estimular ação das autoridades. Uma parceria que tem dado certo.