Maior e mais concentrada em grandes cidades, a população mundial terá papel fundamental no futuro da atividade produtiva. Um estudo global feito pela pWc, mapeou cinco megatendências do segmento. Essas realidades futuras exigirão planejamento de longo prazo por parte das empresas do agronegócio.
– Assim como as megatendências dão horizonte do futuro, as empresas têm de olhar para esse futuro, pensar em que investimentos serão necessários para aumentar a eficiência operacional. Ou seja: produzir mais com os mesmo ativos disponíveis.
Em conversa com a coluna, Adriano Machado, sócio da pWc Brasil, responsável pelo setor do agronegócio no Sul, conversou sobre os caminhos apontados para o setor.
Mudanças demográficas
A população mundial ficará maior e mais velha. Até 2050, serão 9,3 bilhões de pessoas. Essa realidade determinará aumento da demanda e, portanto, exigirá maior produção de alimentos. O Brasil tem vantagem competitiva neste cenário.
Outra informação importante é o avanço da classe média, que ocorrerá principalmente nos países emergentes. Esse contingente implica em demanda por itens de maior valor agregado.
– É uma grande oportunidade para nosso país e temos de estar preparados – observa o executivo.
Urbanização acelerada
A concentração da população em grandes cidades será uma realidade. Em 2050, a população urbana chegará a 6,3 bilhões de pessoas – em 2014, esse número era de 3,8 bilhões. Sessenta e seis por cento residirá em áreas urbanas. As megacidades, com mais de 10 milhões de habitantes, também se multiplicarão, passando das atuais 21 para 41 em 2030. E o que isso tem a ver com a produção? É que essa concentração fará rarear ainda mais a mão de obra no campo, desafio para as empresas do segmento, e exigirá logística e distribuição diferenciadas.
– Para alimentar tanta gente, as cidades terão de ver sistemas de logística, armazenagem. Também haverá necessidade de implementar novos modelos de negócio, como as hortas verticalizadas, que permitam o abastecimento – observa Machado.
Deslocamento do poder econômico global
Em 2030, os sete maiores países emergentes (Bangladesh, China, Índia, Filipinas, Malásia, Paquistão e Vietnã) serão os mais poderosos. Em 2050, os sete maiores países deverão atingir um PIB de US$ 138,2 trilhões, ao passo que no G7 a cifra será de cerca de US$ 69,3 trilhões. Essas novas potências serão grandes consumidores de alimentos.
Avanços tecnológicos
Uma realidade de tecnologias disruptivas, capazes de gerar valor para o processo produtivo, de aumento no fluxo de informação. Assim deve ser o futuro que, pondera Machado, já começou. Os recursos permitirão análise de dados, no sentido de identificar oportunidades para buscar maior eficiência produtiva.
Mudanças climáticas
A variabilidade do clima será cada vez maior. As temperaturas ficarão mais elevadas e as emissões globais crescerão 16% até 2030. Nesta data, metade da população do planeta viverá em áreas de severa escassez de água.
O sócio da pWc explica que o impacto disso será a necessidade de ter modelos alternativos como a economia circular (reutilização dos recursos) e de investir na geração de energias renováveis.
Escassez de recursos
Diante da perspectiva de recursos fundamentais _ como a chuva _ mais escassos, será preciso adotar medidas de proteção, como o seguro agrícola. E será necessário fazer o gerenciamento desses riscos para que, em se materializando perdas causadas pelo clima, o produtor possa minimizá-las ao máximo.