As exportações de milho do Brasil seguem em ritmo acelerado. Foram 4,4 milhões de toneladas só nas três primeiras semanas de fevereiro ante volume de 1 milhão de toneladas em igual mês de 2014.
A situação acende alerta vermelho para as indústrias que têm no grão um insumo importante e vêm encontrando dificuldades para a compra.
- Está surpreendendo o volume de milho exportado. No mercado interno, não tem oferta e o preço está alto. É um momento bem delicado - pondera Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).
Milho tem alta produtividade, mas área plantada é a menor da série histórica
Analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, André Sanches entende que "enquanto houver rentabilidade superior na exportação, se dará preferência ao mercado externo".
Atendendo a pedidos do setor, o governo federal liberou até 500 mil toneladas de milho dos estoques públicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para leilões. Na prática, no entanto, o que tem se visto é uma baixa procura ao produto colocado à venda pelo governo federal. Das 448 mil toneladas ofertadas até agora, só pouco mais da metade (240,49 mil toneladas) foi efetivamente negociada. E o que explica esse pouco interesse, se o grão é um artigo necessário?
Para Sanchez, uma das razões é a elevação do preço do frete, devido à alta procura - a colheita de soja está começando e "os produtores já começam a se organizar, dando preferência à oleaginosa":
- Quando o comprador agrega o valor do frete, o preço do milho vai às alturas - explica.
Kerber credita o baixo interesse a uma série de fatores: distância entre o local onde o produto está estocado e o destino final, pagamento antecipado, com custo do carregamento ficando por conta do comprador, e a qualidade, que "deixa a desejar".