Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (7), o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, falou sobre o crescimento dos casos de criminalidade em meio aos resgates das vítimas da chuva que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos dias. Para a pasta, a prioridade, no início, era salvar vidas. Agora, outros desafios vão surgindo.
— Nós direcionamos a Brigada Militar e a Polícia Civil para coibir eventuais tentativas de saque, crimes contra o patrimônio, algum tipo de desordem — disse o secretário.
Em meio aos resgates, pedidos de socorro e estragos causados pelas cheias dos rios no estado, as forças de segurança têm registrado novos casos de saques, furtos e roubos em Porto Alegre e na Região Metropolitana, nos municípios de Eldorado do Sul, São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo. No bairro Mathias Velho, em Canoas, assaltantes e traficantes roubam os barcos utilizados nas operações, muitos de voluntários. Caron foi questionado sobre o aumento da criminalidade no contexto das enchentes.
— A gente tem visto pessoas se praticando furtos, assaltos, arrombamentos neste momento de crise. Mas nós vamos prender todo mundo — assegura.
Caron afirmou que a Defesa Civil, juntamente com o Corpo de Bombeiros do Estado e as Forças Armadas, ainda deve continuar as operações de resgates de vítimas nas áreas mais atingidas pelas enchentes. Em locais onde o resgate ainda não é possível, serão enviados mantimentos para os ilhados. As forças de policiamento devem tomar os casos relacionados à criminalidade.
— Recebemos uma diretriz do governador que é 100% dos policiais na rua. Nós suspendemos todo tipo de férias da Brigada e da Polícia Civil, e policiais que atuavam em áreas administrativas estão indo para as ruas — esclareceu.
Reforços no orçamento e no efetivo
O secretário explicou que o governo do Estado solicitou o apoio de 400 militares da Força Nacional de Segurança, que devem chegar nos próximos dias. Os primeiros cem oficiais se apresentam no Estado nesta quarta-feira (8). O efetivo deve ficar sob gestão da Secretaria da Segurança Pública do RS.
Além desse contingente, outro pelotão formado por policiais militares das regiões Sul e Sudeste também foi convocado. Cerca de 130 PMs de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais devem chegar ao estado nesta quarta.
— O governo liberou o que precisarmos para manter a hora extra e deslocar policiais de outras cidades para cá. É força total para coibir saques nesse momento tão delicado que vive o povo gaúcho — afirmou Caron.
A Secretaria da Segurança Pública irá lançar, nos próximos dias, o edital do programa chamado Mais Efetivos, que busca convocar até mil agentes da reserva. O delegado explica que os oficiais não podem atuar nas ruas, mas que vão ajudar a garantir a ordem nos abrigos. Segundo Caron, o policiamento das rodovias foi reforçado pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar, que enviou novo pelotão para a RS-118.
— A situação de catástrofe não é uma corrida de cem metros. É uma maratona — declarou.
Os reforços no efetivo do Estado irão se somar aos cerca de 30 mil agentes das forças de segurança que já estão atuando nas regiões mais afetadas.
