No início de agosto, enquanto apagavam as chamas de um incêndio numa residência em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, bombeiros depararam com uma cena brutal. Localizaram o corpo de um homem decapitado e, na sequência, a cabeça, em outro ponto da moradia. O crime, que completa um mês nesta quarta-feira (7), segue sob investigação da Polícia Civil.
Os investigadores aguardam o resultado de perícias, mas o que foi apurado até o momento indica que a vítima do homicídio é o aposentado Péricles Antônio Langer Feijó, 58 anos, que residia sozinho no local. Ao longo do mês passado, familiares, amigos e vizinhos do proprietário da casa foram ouvidos pela investigação para tentar encontrar pistas do crime. A polícia buscou traçar o perfil e as relações do dono da moradia para descobrir quem cometeu o assassinato. Vizinhos e amigos relataram que se tratava de uma pessoa tranquila, de vida pacata, aparentemente sem inimizades.
Apesar de o crime ter características semelhantes aos meios empregados por grupos criminosos, como um caso registrado em 24 de agosto em Porto Alegre, no qual um homem foi arrebatado de dentro de casa, decapitado e teve a cabeça arremessada no meio da rua, na Vila Cruzeiro, neste fato em Nova Santa Rita a investigação aponta para um contexto diverso.
— Num primeiro momento, trabalhávamos com todas as linhas de investigação. Não descartávamos nada. Agora, podemos dizer que a linha mais forte em nada tem a ver com crime organizado, mas sim com outras questões que estão sendo apuradas — afirma o delegado Mario Souza, titular da Delegacia de Polícia de Nova Santa Rita.
Segundo o delegado, a polícia trabalha com nomes de suspeitos, mas não pode detalhar neste momento quem são os investigados para não atrapalhar o andamento do caso. A possível motivação para o assassinato também é mantida sob sigilo.
Perícias complementares
Na terça-feira da semana passada (30) o Instituto-Geral de Perícias (IGP) retornou ao local do crime para coletar mais indícios, após uma solicitação da Polícia Civil para que fossem realizadas análises complementares.
A perícia deve apontar ainda qual foi a causa da morte do aposentado – se ele já estava morto ou não quando foi decapitado, por exemplo. O instrumento que foi empregado para decapitar o homem também ainda não foi descoberto. A cabeça da vítima, segundo o delegado, foi encontrada na garagem da casa. A perícia deverá confirmar o que provocou o incêndio, mas uma das suspeitas é de que tenha sido uma tentativa de encobrir o crime, já que parte da residência foi totalmente destruída pelas chamas.
Os bombeiros foram acionados no início da manhã de 7 de agosto, depois que o fogo tomou a moradia, localizada no bairro Califórnia. A principal hipótese é de que o incêndio tenha se iniciado no quarto, mesmo local onde foi encontrado o corpo carbonizado.
Natural de Canoas e pai de duas filhas, Feijó havia trabalhado como metroviário e estava aposentado. Pelas redes sociais, uma das filhas dele informou a perda do pai e afirmou que o momento é difícil para todos. Familiares realizaram em 14 de agosto uma missa de sétimo dia do falecimento e informaram que o sepultamento ocorrerá quando houver liberação do corpo.
Crime incomum
De janeiro a julho deste ano, Nova Santa Rita registrou somente três assassinatos, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul. Os indicadores de criminalidade de agosto ainda não foram divulgados. A brutalidade do crime desperta ainda mais atenção nesse cenário, no município de cerca de 30 mil habitantes.
— Nova Santa Rita é uma cidade com excelentes indicadores de segurança, muito tranquila. É um crime completamente fora da curva, que em nada tem a ver com esses casos de facções. Um crime bem cruel, com uso de uma arma branca, que ainda não sabemos de qual tipo. Estamos aguardando diversas perícias, que vão nos auxiliar com provas técnicas — afirma o delegado.
GZH tentou contato com familiares do aposentado, mas não obteve retorno até o momento. Quem tiver informações sobre o caso pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone (51) 98459-0259 (WhatsApp).