As Forças Armadas iniciaram na manhã de sábado a Operação Ágata 7, que abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos. É a maior mobilização já realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS) e deve contar com 25 mil militares, além da participação de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar e de agências governamentais.
Antes de a operação ser desencadeada, o governo brasileiro contatou autoridades dos países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato militar. A Ágata integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), coordenado pelo Ministério da Defesa e o comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB).
A Ágata 7 acontece às vésperas da Copa das Confederações, competição esportiva que será realizada em seis cidades-sede - Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Em função desse evento, o Ministério da Defesa optou por uma mobilização que envolvesse os 16,8 mil quilômetros de fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram apenas em alguns trechos fronteiriços do Brasil com os países sul-americanos.
O Comando Militar do Sul (que abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) responde pelo maior efetivo da operação. São cerca de 6 mil militares em emprego direto e mais de 9 mil no apoio às atividades realizadas. As principais ações referem-se a Postos de Bloqueio e Controle de Estradas (PBCE) na faixa de fronteira, patrulhamentos, realização de Ações Cívico-Sociais (ACISO) - ajuda às comunidades - e também fiscalização de produtos controlados e atividades de inteligência.
Durante a mobilização, militares estarão atentos aos principais crimes fronteiriços, como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas indígenas e garimpo. A Ágata conta com a participação de 12 ministérios e 20 agências governamentais, além de aglutinar instituições dos 11 estados da região de fronteira.
Em quase dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do EMCFA, já realizou seis edições da Operação Ágata. A faixa de fronteira situa-se 150 quilômetros a partir da divisa. Esse território compreende 27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes.
A fronteira tem 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Forças Armadas
Como a operação se desenvolve ao longo de toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus (AM); do Oeste (CMO), em Campo Grande (MS); e do Sul (CMS), em Porto Alegre (RS). Nesses locais atuarão militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. No entanto, as três Forças utilizarão homens e equipamentos das Organizações Militares, além de poderem contar com reforço de outras regiões.
A Marinha fará uso de navios patrulha fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência hospitalar e lanchas. Participam da operação destacamentos operacionais dos fuzileiros navais do Batalhão de Operações ribeirinhas, capitanias, agências e destacamentos fluviais. Na Região Sul, a Marinha do Brasil, por meio da Força Naval Componente, integra a Operação com três Navios; a Corveta Imperial Marinheiro, o Navio-Patrulha Babitonga e o Rebocador de Alto Mar Tritão; três Helicópteros Esquilo HU-12, 23 embarcações, 18 viaturas administrativas, 6 caminhões operativos e 1.670 militares envolvidos.
O Exército fará o emprego de aeronaves, além de blindados e veículos leves para o transporte das tropas. A Força terrestre desenvolverá ações de bloqueios de rodovias montados em pontos estratégicos da fronteira brasileira e patrulhamento terrestre, com participação de órgãos e instituições federais, estaduais e municipais.
No caso específico da Força Aérea Brasileira (FAB), o centro de operação ficará no Comando Geral de Operações Aéreas (COMGAR), com sede em Brasília. A Aeronáutica tem à disposição os aviões Super Tucano (A-29), os caças F5EM, os aviões radares, os VANTs (aviões sem piloto) e os helicópteros.
Os agentes governamentais, como as Polícias Federal e Rodoviária Federal, Receita Federal, Anatel, Aneel, ANP, DNPM, ICMBio, Funai e Ibama, atuarão em conjunto em suas respectivas áreas. As seis edições da Ágata resultaram em 59.717 procedimentos de ajuda comunitária, sendo 18.304 atendimentos médicos e 29.482 odontológicos. Cerca de 9 mil pessoas foram vacinadas e distribuídos 195.241 medicamentos.
Ágata 7
25 mil militares estreiam manobra contra crimes em regiões fronteiriças do país
Operação abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos
GZH faz parte do The Trust Project