
Histórias como a de Felipe*, que tem transtorno bipolar, são mais comuns do que se imagina e retratam uma entre tantas angústias de pais de crianças e adolescentes com transtornos psicológicos. Os pais de Daniel*, por exemplo, não conseguem acompanhar o ritmo do filho. Em casa, o menino corre de um lado para o outro, acorda antes de todos e é sempre o último a dormir. Na escola, dificilmente termina uma tarefa. Antes considerado agitado, hoje, com 10 anos, ele tem o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Já a mãe de Fernanda* sofre na hora de fazer as refeições com a filha. A menina de 16 anos, que tanto gostava de pizza, desde os 12 não come uma fatia. Nem uma colher de arroz, muito menos de feijão. Obcecada por perder peso, fica mal-humorada cada vez que é obrigada a se sentar à mesa. Antes chamada de teimosa, hoje luta contra a anorexia.
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Muitas vezes, por esses problemas não serem corretamente diagnosticados, prejuízos físicos e psicológicos podem ser levados para outras etapas da vida. Nesse período, a linha que separa os diferentes distúrbios é mais tênue do que na idade adulta, levando os pais a terem dificuldade em perceber o problema que o filho enfrenta. Uma criança depressiva, por exemplo, pode, além de ficar triste e chorosa, ser extremamente irritada. Já aquelas que sofrem de transtornos alimentares podem, além de se recusar a comer, mudar constantemente de humor e ter surtos de agressividade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência mundial desses distúrbios na infância e na adolescência chega a 20%, podendo levar a quadros mais graves, como o suicídio. Muito mais do que teimosia ou rebeldia, essas atitudes são manifestações de labirintos na mente dessas crianças que, ao longo dos últimos anos, vêm sendo mapeados por cientistas na busca de diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.
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Especialistas esclarecem, em série de cinco reportagens no caderno Vida, de hoje até 18 de julho, os transtornos mais comuns e preocupantes nessa faixa etária, suas manifestações e os possíveis tratamentos.
Nas próximas edições:
27/6 - Anorexia
4/7 - Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
11/7 - Depressão
18/7 - Transtorno de ansiedade
*A pedido das famílias, os nomes são fictícios
*Zero Hora