Não é demais repetir: temos nova vacina gratuita no calendário vacinal do Ministério da Saúde. A partir deste mês, a vacina contra hepatite A estará sendo aplicada nos postos de saúde nas crianças de um ano até dois anos incompletos (ou seja, um ano, 11 meses e 29 dias).
A hepatite A é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus VHA, transmitido por via oral-fecal de uma pessoa infectada para outra saudável, ou por meio de alimentos ou água contaminada. A transmissão oral-fecal acontece do seguinte modo: a tia da cantina está com hepatite A e não sabe; anda enjoada, sem apetite, mas nada que a impeça de ir trabalhar. Como está eliminando o vírus em suas fezes e esse pode permanecer por até quatro horas em suas mãos, se não for cuidadosa e respeitar regras básicas de higiene, como lavar bem as mãos após usar o banheiro, pode contaminar os lanches e sucos que distribuirá às crianças da escola. Após um período de 15 a 40 dias, algumas delas podem ter adquirido a doença. Apenas uma minoria apresenta os sintomas clássicos da infecção como febre, cansaço, mal-estar, falta de apetite, náuseas e vômitos. Icterícia (amarelão), fezes esbranquiçadas e urina com cor de chá preto são outros sinais possíveis da enfermidade. E assim se dá o contágio dessa doença que, na maioria dos casos, cura sozinha em um ou dois meses, sem tratamento específico.
Parece doença benigna. Então, por que a prevenção? Acontece que um pequeno percentual de indivíduos pode apresentar a forma fulminante da doença. Nesse caso existe risco de morte e só o transplante do fígado poderá salvar essa criança. Quer mais dados? Na vizinha Argentina, a hepatite A foi a principal causa de transplante de fígado em crianças até a implantação do programa de vacinação.
Geralmente, é na infância que se entra em contato com o vírus. Estima-se que, nos países em desenvolvimento, a maioria das crianças tenha tido contato com esse vírus até os 10 anos de idade. Como a transmissão depende de condições de saneamento, esse dado difere dos países mais desenvolvidos, onde somente 20% estão expostos até os 20 anos.
Até agora, a vacina contra hepatite A estava disponível em clínicas particulares com aplicação de duas doses. A estratégia vacinal preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, prevê uma dose única da vacina, esquema semelhante ao empregado na Argentina. Será feito monitoramento da situação epidemiológica da doença para definir sobre a necessidade de inclusão de uma segunda dose no calendário da criança.
A vacina contra hepatite A é segura e praticamente isenta de reações adversas. Converse com seu médico.
E não esqueça: lavar as mãos evita também a hepatite A.
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