
Mortes e transtornos têm sido registrados em países da Europa que enfrentam temperaturas acima do normal nos últimos dias. Nesta semana, Londres, no Reino Unido, ultrapassou os 40ºC, um recorde na cidade desde o início dos registros. Espanha, Portugal e França enfrentam incêndios florestais que obrigaram a retirada de milhares de pessoas de suas casas.
Mas outro dado é ainda mais relevante: de acordo com autoridades da Espanha e de Portugal, pelo menos 1,5 mil óbitos relacionados ao calor foram registrados até o momento nos dois países.
Esse tipo de morte pode ser provocada por um processo chamado hipertermia: quando o corpo humano fica em uma temperatura mais elevada do que a normal, de 37ºC. A manutenção da temperatura do organismo dentro da faixa de normalidade é indispensável para o funcionamento adequado do corpo.
Por isso, ao ser exposto a ambientes quentes, o organismo começa a sofrer prejuízos e, nos casos mais graves, pode levar a pessoa à morte, diz Daniel Kollet, professor do curso de Medicina da Universidade Feevale.
— A hipertermia é um processo no qual ocorre uma desidratação aguda. O corpo humano não reserva água e existem milhares de reações bioquímicas que dependem muito dela. No momento que você é exposto a uma temperatura muito alta, o corpo desidrata através da respiração, da pele — explica.
Kollet usa um dado para mostrar a importância do líquido para o ser humano. Segundo ele, a água representa de 45% a 60% do peso de uma mulher adulta; e, no homem, de 50% a 65%. Assim, com menos água devido à desidratação, o organismo tem problemas para funcionar e começa a apresentar sintomas, conforme explica o professor:
— A partir dos 37,8ºC, o corpo começa a exigir mais hidratação. E quando aumenta para 39ºC ou 40ºC, fica pior e pode gerar quadros de convulsão, coma, a destruição dos glóbulos vermelhos, além de sequelas irreversíveis, no futuro, em quem tem insuficiência renal, quem é cardíaco ou tem problema neurológico. É uma situação muito grave.
Existem três tipos de hipertermia: a clássica, que ocorre quando um local enfrenta uma onda de calor; a induzida por esforço físico, na qual é registrado o aumento da temperatura corporal devido a uma atividade física; e, por fim, a maligna, resultado do uso de medicamentos.
Os sintomas mais mais comuns associados à condição são a transpiração excessiva, tontura, dor de cabeça, pressão arterial baixa e fraqueza. Para evitar os problemas do forte calor, o médico reforça dicas já conhecidas: evitar a exposição ao sol, procurar ambientes mais amenos, com ar-condicionado ou ventiladores, usar roupas leves e lavar as narinas como soro fisiológico. Mas, para Kollet, para impedir quadros de hipertermia, deve-se ter atenção ao consumo de água.
— A hidratação é fundamental porque água é vida. Então é preciso beber pelo menos dois litros de água por dia. Os isotônicos disponíveis no mercado também ajudam. Tem que tomar muito líquido, isso é o mais importante — conclui o professor da Feevale.


