
No mês em que é celebrado o combate ao câncer de mama, segue a polêmica sobre procedimentos como realização de mamografias e autoexame nas mulheres com menos de 50 anos. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (11), o secretário Estadual da Saúde, João Gabbardo, reiterou o que havia dito na última sexta sobre os exames para detecção de tumores:
— O rastreamento, que é feito em pessoas assintomáticas e sem histórico familiar, é preconizado para ser realizado entre os 50 e os 69 anos de idade. Nesse caso, a mulher não precisa nem de requisição médica, basta chegar na unidade de saúde e pedir o exame. A segunda situação são as pessoas que têm sintomas ou história familiar, aí não tem idade.
Gabbardo disse que a antecipação desse rastreamento traz prejuízos como sobrediagnóstico e sobretratamento, que estimulariam, muitas vezes, procedimentos agressivos e desnecessários. Ele defendeu que a maior parte das pequenas lesões iniciais descobertas em uma mamografia nunca vão se desenvolver:
— Então, vão submeter a mulher a uma série de procedimentos como mastectomia, quimioterapia e radioterapia sem necessidade. Pelo menos 30% das mulheres que recebem o diagnóstico nessa fase, passam por procedimentos desnecessários. Mas aí, fica com a impressão de "fui salva pelo diagnóstico precoce". Mal a mulher sabe que passou por tratamentos dispensáveis.
A recomendação da pasta é que as mulheres não façam o autoexame e nem antecipem a mamografia sem indicação médica. Diante disso, Gabbardo minimizou a importância o movimento Outubro Rosa:
— Nós não podemos deixar que um movimento dê orientações para a população diferentes do que os órgãos oficiais, como Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer (Inca), preconizam.
No Atualidade de terça-feira (10), a presidente do Instituto da Mama do RS, Maira Caleffi, rebateu as manifestações do secretário:
— É difícil acreditar que ele tenha dito isso. Nós temos uma parceria de Outubro Rosa com governo do Estado, Assembleia Legislativa e a mamografia não é o foco principal. Quem trouxe a questão foi ele. O que estamos falando é que a paciente tem que ficar no controle, saber suas opções, procurar ajuda. Não focamos em mamografia.
Sobre o autoexame, Gabbardo garantiu que, em boa parte dos casos, as mulheres não são capazes de detectar os tumores, que acabam sendo descobertos durante as consultas médicas.
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