
Neste mês, é realizada a campanha Setembro Amarelo, que tem o intuito de prevenir o suicídio e alertar a população a respeito do assunto.
– Vivemos tempos em que prevalece a cultura do descartável, da banalização e da desvalorização da vida. As doenças mentais aumentam o sofrimento e os riscos de suicídio. Nesse sentido, a prevenção e o tratamento adequado dos problemas de saúde mental, chamados de transtornos mentais, são de suma importância como efeito protetor – alerta o psiquiatra da Salute Rede de Clínicas, Wallas Ramos dos Santos.
Principais gatilhos
Em boa parte das vezes, os casos de suicídio estão relacionados a algum transtorno mental, em sua maioria não diagnosticado ou não tratado corretamente. A depressão é o transtorno mais ligado às ocorrências de suicídio, seguida do transtorno bipolar. O abuso de substâncias químicas também aparece com destaque na lista de gatilhos.
De acordo com o especialista da Salute, a pessoa pode dar alguns sinais de que está precisando de ajuda. Entre eles, estão tristeza que não passa, isolamento social, crises de ansiedade, irritabilidade, insônia, falta de energia e falta de vontade de fazer atividades que, antes, eram prazerosas. Vale destacar também os fatores precipitantes, como desilusão amorosa, conflitos nos relacionamentos familiares e separação conjugal ou de namoro, além de perdas financeiras, de emprego ou de ano escolar.
– As doenças mentais trazem sofrimento e interferem na qualidade de vida das pessoas. É preciso estar alerta aos sinais de transtorno mental: tristeza, ansiedade, nervosismo, falta de vontade de fazer atividades habituais ou prazerosas. Muitas pessoas não conseguem sair de casa para trabalhar ou estudar. Há uma limitação nas atividades cotidianas, muitos não conseguem produzir e gerar renda, ficam dependentes de benefícios sociais, previdenciários ou da própria família – comenta Ramos.
O ideal é o paciente, ou alguém próximo, perceber os sinais mais brandos de um transtorno mental e buscar ajuda. Segundo o psiquiatra, ao tratar corretamente o transtorno, é diminuído o tempo de sofrimento, os riscos de agravar os sintomas ou mesmo apresentar outras comorbidades, reduzindo também os riscos de suicídio.
No Brasil, a campanha do Setembro Amarelo ganhou notoriedade em 2013, quando Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), trouxe a ação internacional para o calendário nacional. Desde 2014, a ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), divulga a campanha e conquista novos parceiros.
Segundo dados da última pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada em 2019, anualmente são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Entretanto, os números podem estar incorretos, já que muitos episódios não são notificados. Com isso, a instituição estima mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil por ano. Isso significa que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Como procurar ajuda
Os transtornos mentais e os pensamentos suicidas são assuntos sérios. Se você ou algum conhecido está passando por problemas, há um telefone disponível 24 horas por dia. O número 188 é oferecido pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), programa de prevenção de suicídio e ajuda emocional que conta com voluntários e permite conversar de forma anônima.
A Salute, por sua vez, oferece acesso facilitado a psicólogos e psiquiatras por meio de uma assinatura que custa a partir de R$ 40 mensais. Como não é plano de saúde, o uso é imediato. É possível buscar ajuda por telefone – (51) 3014-1111 – ou através do acolhimento direto nas clínicas espalhadas por Porto Alegre e região metropolitana. É válido destacar que a unidade Salute Assis Brasil (Av. Assis Brasil, 2.154) tem atendimento 24 horas, todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados.