
A passagem de um grupo de ciclistas nus ou em trajes de banho despertou a curiosidade de desavisados na Capital durante a noite deste sábado. Tratava-se da Pedalada Pelada, que levou em torno de oitenta bicicletas a circular pelas ruas da cidade.
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Por volta das 19h, os ciclistas que haviam se reunido no Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, começaram a pedalada entrando pela Rua José do Patrocínio. O movimento das bicicletas não gerou conflito de trajeto com o Carnaval de Rua que acontecia na Rua Lima e Silva.
O início da pedalada foi marcado por um incidente na Rua José do Patrocínio, quase com a Rua Lopo Gonçalves. O ciclista responsável por coordenar a parte posterior do movimento foi atingido por um carro e teve danos em sua bicicleta. Ninguém ficou ferido.
A Pedalada Pelada – como ficou conhecido o evento no Brasil é parte da World Naked Bike Ride (WNBR), movimento de caráter internacional que busca conscientizar a população das cidades onde ocorre em relação à condição de vulnerabilidade dos ciclistas e a outras questões relacionadas à mobilidade urbana.
Uma das organizadoras da edição porto-alegrense do ato, Tássia Furtado, 31, sócia fundadora do VULP Bici Café - ponto de encontro tradicional entre ciclistas da Capital -, explica que a nudez é usada como uma forma de mostrar a invisibilidade do ciclista no trânsito.
– Essa campanha surgiu para chamar a atenção da sociedade à fragilidade do ciclista e expor nossa fragilidade, que não é vista. Quando ocorre um atropelamento, a resposta [do motorista] é: "eu não vi o ciclista" – afirma.
Nem todos os ciclistas que aderiram ao movimento se encontravam nus. Integrante da Gaúcha Poa Bikers - equipe de ciclistas que atua em competições do esporte -, Rafael Casacurta, 23, foi um dos muitos participantes a pedalarem vestidos com o intuito de prestar apoio à iniciativa.
– Se mais pessoas usassem a bicicleta para se locomover em distâncias curtas, teríamos um trânsito muito mais agradável para quem realmente precisa do carro para fazer grandes distâncias – defende.
A concentração dos ciclistas chamou a atenção da população. Ao entender do que se tratava, alguns prestavam apoio, outros criticavam. O aposentado Arildo Batista, 60 anos, afirma apoiar a reivindicação de melhorias no trânsito, mas critica a forma como a pedalada é posta em prática.
– Nesse horário o trabalhador está voltando para casa. Então atrapalha todo mundo – reclama.
Movimento de conscientização global
Segundo o site oficial do movimento global, a iniciativa busca "trazer à tona a vulnerabilidade de ciclistas de todos os lugares e discutir a dependência da população em meios de transportes poluentes".
No Hemisfério Sul, a pedalada coletiva ocorre anualmente no dia 5 de março. No Brasil, a pedalada mobilizou ciclistas de, entre outras cidades, Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Florianópolis.
Segundo a organização da Pedalada Pelada em Porto Alegre, o movimento tem um caráter horizontal. Ou seja, não há uma liderança central, mas sim vários focos de organização. Isso garantiria uma pluralidade maior de discursos e foco em questões locais do contexto de cada cidade onde ocorre.