
A Prefeitura de Porto Alegre e a Brigada Militar (BM) iniciaram uma mobilização para que as aglomerações formadas nas ruas do bairro Cidade Baixa nos finais de semana sejam transferidas para o Anfiteatro Pôr-do-Sol. A proposta, conforme os órgãos, recebeu apoio de moradores e comerciantes.
A ideia de propor um novo local às aglomerações foi discutida há cerca de um mês pela prefeitura e pela BM. Conforme o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Francisco Vieira, a ideia é criar uma estrutura no Anfiteatro Pôr-do-Sol, onde o barulho não seria problema, com comércio de comidas, banheiros químicos, segurança e até atrações musicais.
- Não é só o problema do barulho, mas também do lixo e das pessoas que fazem necessidades fisiológicas na rua, por falta de banheiros públicos. A proposta é fomentar um espaço adequado para que esses jovens se divirtam - afirma Vieira.
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O secretario municipal da Produção, Indústria e Comércio, Humberto Goulart, afirma que a proposta recebeu apoio do prefeito José Fortunati, e que o primeiro evento no anfiteatro deve ser realizado no início de 2015.
- Precisamos oferecer uma estrutura mínima para que as pessoas possam se divertir no local, por isso estamos pensando em contratar "food trucks", aqueles caminhões de comida de rua - explica Goulart.
Um exemplo que poderia ser seguido na ação, conforme Vieira, é o de uma festa organizada pelas redes sociais que ocorreu no último sábado, na Rótula das Cuias, e reuniu 1,5 mil pessoas.
- Os jovens ficaram lá ouvindo música até as 8h, sem ocorrências de perturbação do sossego. Na Cidade Baixa, eles têm de respeitar os moradores, pois no local o máximo de pressão sonora permitido por lei é de 50 decibéis. Em nossas medições, as aglomerações na Cidade Baixa chegam a produzir 80 decibéis - conta o major.
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Para incluir os jovens na discussão, Goulart afirma que a prefeitura contará com o apoio da Secretaria da Juventude, e ouvirá os frequentadores dessas aglomerações. Eles devem ser convidados para reuniões previstas para ocorrer até o final do ano.
- Não adianta oferecermos uma estrutura no anfiteatro se ninguém quiser ir. Ela tem de ser atrativa para os jovens - completa Vieira.
Goulart relata que a proposta é, inicialmente, para coibir aglomerações nas ruas nos finais de semana, principalmente em frente aos bares. A realização de eventos pontuais como o Carnaval da Cidade Baixa, o Beatles Day e os de comida de rua não foi discutida.
"Transferir não é resolver o problema", diz organizador do Cidade Baixa em Alta
Para o organizador do projeto Cidade Baixa em Alta, Tiago Faccio, a proposta da prefeitura e da BM pode ser benéfica, mas precisa ser implementada depois de um diálogo.
- Transferir não é resolver o problema. É trocar seis por meia-dúzia. Durante a Copa, mesmo com uma estrutura no Anfiteatro Pôr-do-Sol, as pessoas procuravam a Cidade Baixa. Elas querem estar num bairro que lhes agrade - afirma Faccio.
Segundo o organizador, os eventos do projeto seguirão ocorrendo no bairro. O presidente da Associação de Moradores da Cidade Baixa, Zilton Tadeu Figueiredo de Campos, afirmou que apoia a proposta, desde que o bairro não deixe de receber ações de fiscalização e segurança.
- Não adianta só mudar o lugar, essa é apenas uma ação. A Cidade Baixa precisa ter ainda mais fiscalizações da prefeitura e da polícia.
Zero Hora tentou contato por telefone com o presidente da Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.