A uma plateia de empresários, o governador Eduardo Leite fez um discurso, na noite desta terça-feira (22), com tom de campanha eleitoral. Leite destacou as medidas aprovadas durante a sua gestão e criticou aqueles que mobilizam “torcidas organizadas” sem, contudo, aprovar reformas —replicando crítica ao governo de Jair Bolsonaro que é feita por grupos políticos liberais.
Sem citar diretamente Bolsonaro ou o ex-presidente Lula, o governador do Rio Grande do Sul tentou se apresentar como terceira via à parte da elite econômica gaúcha, reunida no evento de inauguração da nova sede da Fecomércio-RS, na zona norte de Porto Alegre.
— Coisa que eu não aceito é intolerância. Foi pela construção de algo novo neste Estado que viabilizamos reformas que fazem falta no plano nacional. Às vezes, isso não rende torcidas organizadas, curtidas e compartilhamentos em redes sociais, mas é muito mais eficiente. Não adianta ter torcida organizada, ter claque, se não faz aprovar no parlamento uma medida que possa efetivamente transformar a realidade — disse Leite.
Em um discurso improvisado, o governador buscou se apresentar como um gestor eficiente que não gasta energia com a polarização política.
— Não quisemos desperdiçar energia querendo dizer que quem pensa diferente é um mal que deve ser exterminado da política — disse, emendando mais adiante:
— Não precisa desrespeitar ninguém, xingar ninguém para ser eficiente na entrega de um serviço.
Em 19 minutos de discurso, o governador gaúcho elencou o que considera ser algumas das principais vitórias de seu governo: as reformas das carreiras de servidores, o ajuste do fluxo de caixa, a retomada dos investimentos públicos e a melhora de indicadores de segurança pública.
GZH apurou, nos últimos dias, que será em outro evento com empresários, marcado para 16 de março, que Leite vai confirmar a troca de partido e lançar a sua pré-candidatura à Presidência.
“Respeito as prévias do PSDB, mas a gente faz política buscando caminhos", diz Leite
Antes do evento, Leite falou sobre as conversas que têm mantido com o PSD, partido que o convidou para disputar a eleição presidencial. O governador evitou confirmar a informação que circula entre aliados de que ele já está com as malas prontas para trocar de legenda e disse que ainda analisa o projeto oferecido por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.
O governador gaúcho também disse respeitar o resultado das prévias do PSDB (o partido escolheu João Doria e não Leite como candidato à Presidência), mas admitiu que busca alternativas.
— Política a gente faz conversando, entendendo os projetos que estão colocados. Respeito o resultado das prévias (do PSDB), mas a gente faz política buscando caminhos que ajudem nos destinos das nossas comunidades. Foi assim que eu fiz na prefeitura de Pelotas, que fiz no Estado, e estamos diante de uma situação nacional que a gente luta para construir uma alternativa à polarização. Não há nenhuma decisão a respeito de troca de partido. Estou conversando com muitas pessoas — disse Leite.