O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, afirmou nesta segunda-feira (24) que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deve ser convocado novamente para depor na comissão porque "tripudiou sobre os brasileiros" ao participar de um ato com o presidente Jair Bolsonaro neste domingo (23), no Rio, sem usar máscara e promovendo aglomerações.
A convocação do general será submetida à votação dos integrantes da CPI na quarta-feira (26).
— É importante encaminhar a reconvocação para que não pairem dúvidas de que nós nos consideramos ofendidos — observou Renan. — O ex-ministro não pode tripudiar sobre a verdade e descaradamente mentir, divagar, não responder, como fez. A própria presença dele na CPI, novamente, é uma sanção, uma demonstração de que a comissão não concorda com esse escárnio — completou o senador.
Mais tarde, em postagem no Twitter, Renan disse que "a procissão no Rio em louvor ao vírus é declaração de guerra ao SUS".
Nesta terça-feira (25), a CPI da Covid vai ouvir o depoimento de Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina". Mayra é secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério.
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou, por sua vez, que mudará o procedimento diante de depoentes que mentirem à comissão. Aziz destacou que Pazuello tinha habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para não se incriminar, mas não para mentir.
— A partir de agora, as pessoas que tomarem a decisão de mentir poderão ser presas pela CPI. Não vou ser desmoralizado — afirmou o presidente da comissão em entrevista à Rádio Eldorado nesta segunda-feira (24).
Além de Pazuello, a cúpula da CPI também quer reconvocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para novos esclarecimentos.
A exemplo de Renan, Aziz e o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticaram a participação de Pazuello em ato ao lado de Bolsonaro, uma conduta proibida pelo Exército.
— Espero que o Exército brasileiro possa tomar as providências necessárias — disse Aziz.
O regulamento do Exército considera uma transgressão o envolvimento de oficiais da ativa em manifestações políticas sem autorização do comando.
— Eu recomendo que o senhor Pazuello busque novamente um habeas corpus para vir a essa CPI, porque vai precisar — adiantou Randolfe.