
A pandemia ainda exige esforços individuais pensando no bem coletivo. Afinal, não há uma vacina e tampouco um tratamento cientificamente capaz de neutralizar a ação do vírus, uma vez que qualquer ser humano possa estar infectado, tendo ele comorbidades ou não. É claro que a retomada de várias atividades passa uma sensação de que superamos o pior momento da crise sanitária e que a vida está voltando a uma normalidade. Mas os números não indicam isso.
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Nas menores cidades da região, os casos realmente estão reduzindo consideravelmente. Só que Caxias do Sul, por ser o centro regional, não acompanha essa tendência. Os números ainda estão muito instáveis e não mostram aquilo que os cientistas determinam como uma queda sustentada, quando ocorre sistematicamente e é superior ao acréscimo de diagnósticos positivos. Teoricamente, estamos na fase de arrefecimento: onde os números param de crescer exponencialmente.
— O momento atual que estamos é de estabilização da contaminação. Não há queda. O que se pode notar é que um dia tem mais (diagnósticos positivos), outro menos, mas a média de contaminação, de ocupação de leitos de UTI e enfermaria é praticamente o mesmo há muito tempo — ressalta o secretário municipal da Saúde de Caxias, Jorge Olavo Hahn Castro.
Esse quadro é expresso em números. O cientista de dados caxiense e colaborador da Rede de Análise da Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, acompanha diariamente essas estatísticas. Os dados dos gráficos mostram que ainda não tivemos essa queda sustentável. Como o Brasil sempre teve um déficit grande na testagem, ele analisa as internações e os óbitos.
— O mais seguro é olhar internações de confirmados e de suspeitos, além de observar tanto os leitos clínicos quanto de UTI, pois a faixa etária dos contaminados pode estar baixando, aí diminui UTI, mas aumentam os leitos clínicos — explica Isaac.
Nos gráficos abaixo, é possível compreender como a queda ainda não está determinada. Há uma oscilação que fica ainda mais comprovada com o número de óbitos. Caxias representa quase um terço das mortes na região e os números não estabilizaram como em Bento Gonçalves. Vagarosamente, o crescimento segue sendo diário. São pontos que explicitam o óbvio: o pior ainda não passou.

PREOCUPAÇÕES
Os apontamentos também são comprovados pelas ações da prefeitura. O número de denúncias sobre eventos e aglomerações cresce a cada final de semana. Após o último feriado, o Comitê de Crise prometeu enrijecer as normas caso as aglomerações e os estabelecimentos de entretenimento desrespeitem o decreto que estabelece um máximo de 50% da lotação. Nos finais de semana, a Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) e a Guarda Municipal irão retomar a fiscalização e a operação de dispersão nos parques.
Além dessas medidas, o comportamento da população é o que mais preocupa os responsáveis pela saúde do maior município da Serra.
— O que nos preocupa é o abandono das medidas de higiene, isso é visível. As pessoas fazem agrupamentos, ninguém usa máscara, não tem mais o distanciamento social. A impressão que passa é de que para algumas pessoas a pandemia acabou e isto está muito longe da realidade — complementa o secretário Castro.