
A 32ª edição da Festa da Uva de Caxias do Sul será aberta oficialmente dentro de exatos seis meses _ em 22 de fevereiro de 2019. Embora a comissão organização tenha divulgado ontem pela manhã alguns detalhes importante sobre o evento, ainda há muitas dúvidas sobre diversos temas.
A principal mudança, conforme divulgou a organização, é nos desfiles cênicos: dos oito programados, apenas dois serão no Centro. Os outros seis ocorrerão dentro dos Pavilhões, na Alameda Central, sendo três por semana até o encerramento da Festa, em 10 de março. Outra novidade é que, recuando da decisão da última administração, a prefeitura vai transferir novamente o corso, que deixa a Rua Plácido de Castro e retorna à Sinimbu, palco dos desfiles por 57 anos.
No comunicado de ontem, a organização também não detalhou como serão os shows e as atrações culturais oferecidas aos visitantes que forem aos Pavilhões. Ao que tudo indica, definições como atrações e valor dos ingressos serão divulgados em outubro, quando se iniciará a venda dos tíquetes de entrada pela internet.
De acordo com o diretor financeiro da Festa, Luciano Pereira, pessoas que chegarem aos Pavilhões de segunda a quinta-feira, das 11h30min às 12h30min, não pagarão ingresso. Este seria um chamariz para incentivar a visita aos restaurantes e pontos de gastronomia nos Pavilhões. Isto garantiria, inclusive, que a Festa abra às segundas-feiras, o que era incerteza até então.
Com relação a patrocínio, sabe-se que outros dois apoiadores _ uma cervejaria e um banco _ somam-se, no próximo mês, aos atuais patrocinadores (Marcopolo, Randon e Rodoil).
O que causa estranheza e certa apreensão em alguns setores da comunidade, porém, é a ausência de movimentação em contratações ou de certezas quanto às atrações. Um exemplo: além da realização do espetáculo Som e Luz ser incerta, as Olimpíadas Coloniais, evento que movimenta os distritos e envolve milhares de moradores do interior, não estão confirmadas e, se ocorrerem, não devem ser no formato antigo.
Ainda que os desfiles cênicos já tenham endereço, não se sabe quem são os responsáveis pela concepção do corso. Na última edição, realizada em fevereiro de 2016, o escritor e jornalista Nivaldo Pereira recebeu a missão de escrever o roteiro quase um ano antes. Procurado pelo Pioneiro, o jornalista afirmou não ter mais envolvimento com a temática Festa da Uva.
Outras dúvidas incomodam especialmente os agricultores. Ainda que a compra da uva que é distribuída ou exposta nos Pavilhões costume ocorrer no final do ano, quando já é possível prever a qualidade da fruta, durante o inverno é que ocorriam reuniões entre produtores rurais e organização nas últimas edições. Não que haja grande rotatividade nos fornecedores da fruta, mas nestes encontros prévios é que se antecipam detalhes do que se espera da safra e da quantidade que deve ser entregue. Segundo produtores ouvidos pelo Pioneiro, a organização da Festa ainda não teria os procurado.
De volta à Sinimbu
Serão oito desfiles cênicos, sendo dois no Centro e seis nos Pavilhões. Na Sinimbu, eles ocorrerão nos dias 24 de fevereiro e 10 de março, primeiro e último domingos da Festa. Não foram divulgadas, porém, informações importantes sobre a existência de arquibancadas e sistemas de iluminação e som _ que teriam de ficar montadas na Sinimbu durante toda a Festa_, ou cobrança de ingressos, o que, nas edições anteriores, refletia em renda extra. Sabe-se que ocorrerão às 16h e que três equipes de profissionais trabalharão na elaboração dos dois espetáculos, que terão temáticas diferentes.
O retorno do corso à Sinimbu tem o aval da equipe técnica da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade.
— Como o desfile ocorrerá no domingo, significa que naturalmente, teria menos movimento na Sinimbu, o que traz um impacto muito baixo diante do tamanho do desfile. A ideia é trazê-lo de volta para o coração da cidade. Nós não teríamos como dizer que não_ afirma o titular da pasta, Cristiano de Abreu Soares.
Com relação aos desfiles nos Pavilhões, serão três edições por semana, mas não foram divulgadas as datas. Eles ocorrerão à noite, como encerramento da movimentação nos Pavilhões. Por atenderem ao público que já circula nos Pavilhões, não devem ser cobrados ingressos. A intenção, segundo o diretor financeiro da Festa, Luciano Pereira, é que eles ofereçam mais interatividade com o público, convidando os visitantes para dança e incluindo a distribuição de uvas neste ato.
Não é a primeira vez que ocorrem desfiles nos Pavilhões, ainda que em formato diferente. Em 2010, a rainha Tatiane Frizzo e as princesas Aline Galvan Perera e Kátia Pisetta Weber participaram da Parada das Soberanas, um minidesfile em que o trio percorria a Alameda Central em um carro alegórico, acompanhadas de artistas que interagiam com o público. André Gnatta, que trabalhou na criação e execução de carros alegóricos, inclusive daquele ano, diz que é possível inserir carros alegóricos em desfile nos Pavilhões.

— Eu acredito que até possa ter os carros, mas é preciso que seja menor. É tudo questão de logística e de planejamento, é possível fazer algo bem legal lá também _ opina Gnatta.
Historiadora e peça importante da trajetória da Festa da Uva, Cleodes Piazza foi consultada pelo Pioneiro ontem, mas não quis emitir opinião sobre o tema. O filósofo, professor e escritor José Clemente Pozenato demonstrou satisfação com o retorno do corso na Sinimbu.
_ Acho que fazer uma abertura e um fechamento na Sinimbu já recupera um pouco a marca do corso alegórico. E fazer nos Pavilhões é uma experiência. Estou curioso _ afirma.
Espetáculo Som e Luz

Ainda que o dia de visitação aos Pavilhões se encerre com os desfiles cênicos, não há confirmação de que o espetáculo Som e Luz, outra importante atração da Festa, ocorrerá. Com duração de cerca de 40 minutos, a atração narrava a história da cidade e da imigração italiana por meio de texto, sons e jogo de luzes. Em média, ocorriam 16 apresentações durante a Festa, sempre à noite, junto das réplicas de Caxias de 1885, que atualmente estão fechadas. As arquibancadas, que são cobertas e permitem a apresentação mesmo sob chuva, têm capacidade para 350 pessoas.
_ Estamos buscando investidores para que façam uma reforma e reutilização do espaço. Do jeito que está, não têm condições de acontecer _ admite o diretor financeiro da Festa, Luciano Pereira.
Shows nacionais
A divulgação dos shows ocorreu, em outras edições, nos últimos meses do ano - na última edição, foi em dezembro. Por ora, a Festa da Uva afirma que serão nove shows nacionais. Os nomes são mantidos em sigilo. O que a organização adianta é que haverá, também, nomes da música regional e local, e serão contemplados todos os estilos de música. A Festa deve iniciar a venda de ingressos para o parque e para os shows em outubro, o que deve antecipar o anúncio dos shows. A compra ocorrerá pelo site festadauva2019.com.br.
60% dos espaços comercializados
A intenção de oferecer um passeio não induzido ao visitante já havia sido antecipada pela presidente da Festa da Uva, Sandra Randon, em entrevista que marcava um ano para o evento. A posição se confirma, acrescendo a informação de que o Pavilhão 1 priorizará a venda de espaços para a Serra. Os visitantes terão corredores de, no mínimo, oito metros, o que deve permitir maior circulação do público.
O percentual de comercialização dos espaços é de 60%. Os três patrocinadores divulgados anteriormente, Marcopolo, Randon e Rodoil estão mantidos. A previsão é que contratos com uma marca cervejeira e um banco sejam divulgados até setembro.
Uva já na entrada
Ainda que agricultores afirmem não ter sido contatados para acertar a compra das frutas, o que já teria ocorrido nesta época, a Festa da Uva garante que o assunto já está sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Agricultura, garantindo continuidade ao processo. Haverá mudança na entrega da fruta ao visitante, que poderá optar em retirar a uva na entrada ou saída dos Pavilhões e não mais apenas no subsolo do Pavilhão 2.
Para ocorrerem, olímpiadas terão de mudar
A organização da Festa da Uva ainda analisa se a próxima edição vai contar com a Olimpíada Colonial, tradicional atração que ocorria nos distritos desde 1994 e envolvia competições como arremesso de queijo, amassar uva com os pés, debulhar milho, corrida de carriola e produção de bígoli, entre outras.
_Do jeito que acontece hoje, ela não ocorrerá. Nós devolvemos o projeto à equipe e pedimos que tragam algo diferente, inovador. O modelo anterior pode melhorar bastante, queremos envolver o interior e o Centro _ afirma Luciano Pereira, diretor financeiro.
As Olimpíadas se caracterizavam, justamente, pelo envolvimento do morador do interior da cidade com a Festa, já que o evento percorria os distritos. Para que o interior não fique de fora da programação, a organização adianta que há ações planejadas para os distritos.
_ Nós estamos esperando o sinal da Festa da Uva para prosseguir. É totalmente viável ainda realizar as olimpíadas, estamos no aguardo _ afirma Jorge Benites, organizador das Olimpíadas Coloniais.
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