Uma personagem importante da história caxiense morreu na manhã deste domingo: Reny Camila Damin Ordovás, 88 anos. Esposa do médico Henrique Ordovás Filho, que foi um dos principais líderes da resistência contra a ditadura em Caxias do Sul, Reny apoiou intensamente as causas sociais do marido, já falecido, além de destacar-se por muitos anos como presidente da Apae.
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Natural de São Francisco de Paula, ela mudou-se para Caxias já casada, após residir algum tempo em Porto Alegre. Engajada e à frente do seu tempo, tinha uma percepção altruísta da vida. Destacava-se também pela iniciativa, não poupando esforços na luta pela manutenção da Apae, fundada por Ordovás.
- Ela adotou a causa - resume uma das netas, a jornalista Tríssia Ordovás Sartori.
Numa época em que o voluntariado não estava tão em voga quanto hoje em dia, Reny ia até grandes empresários em busca de verbas para manter a entidade.
Em 1964, quando o Dr. Ordovás foi preso e levado a Porto Alegre nos primeiros dias da ditadura, acompanhou seu sofrimento de perto, chegando a ir e voltar três vezes à Capital em um mesmo dia. Os militares pediam um documento para a soltura de Ordovás, Reny buscava e, ao chegar de volta em Porto Alegre, descobria que tinha sido enganada para que o processo de soltura fosse dificultado.
- Eu só tinha a ideia fixa de tirar o Ordovás da cadeia. Não sentia medo. Sentia era muita coragem - contou em 2014 em entrevista ao Pioneiro, para reportagem sobre os 50 anos do golpe.
Além de engajada, Reny é descrita pela família como uma pessoa doce e sempre pronta a ajudar quem precisasse. De bem com a vida, raramente dispensava o batom e o esmalte vermelhos, que usou durante toda a vida.
Reny Ordovás, que completaria 89 anos no dia 26, deixa as filhas Márcia, Nádia, Isamar e Ruth, e os netos Cristiano, Mariana, Stefania, Tríssia, Cristine e Luísa. O corpo está sendo velado no Memorial São José, e o sepultamento será nesta segunda-feira, às 11h, no Cemitério Parque.
