Polícia Civil indicia cinco médicos do Postão de Caxias do Sul por negligência em morte de jovem

A Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD) de Caxias do Sul indiciou cinco médicos do Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) pelo homicídio culposo (sem intenção de matar) de um homem de 21 anos. Conforme a investigação, Marcos Douglas do Amaral teria sido vítima de negligência ou imperícia. Ele teria procurado atendimento diversas vezes no Postão, onde foi sempre atendido e liberado. A vítima morreu no dia 17 de julho de 2013, em Vacaria. Ele tinha Aids e tuberculose. O inquérito demandou um ano e meio de investigação e deve ser remetido à Justiça nesta segunda-feira.

A investigação foi conduzida por Guilherme Alexandre Olsen Gerhardt, delegado adjunto da DHD. Segundo ele, o doente procurou o Postão pela primeira vez no dia 9 de junho daquele ano, com sintomas de gripe. Depois, a vítima retornou ao Postão com taquicardia e falta de ar. Exames só teriam sido solicitados na terceira tentativa.

Diante da dificuldade encontrada em Caxias e sem o resultado dos exames, o doente buscou ajuda em Bom Jesus, de onde foi transferido com urgência para o hospital de Vacaria, onde morreu. Segundo o delegado, a vítima, que era travesti, não sabia que era portadora do vírus HIV.

- Como a vítima era travesti, esse era mais um motivo para solicitar exames para saber se a vítima tinha Aids - argumenta o delegado.

Os cinco médicos indiciados trabalhavam em regime de plantão quando o doente buscou atendimento. Em depoimento, eles teriam afirmado que no Postão não há local adequado para atendimento e que, por falta de sistema informatizado, não há acesso aos prontuários anteriores dos pacientes.

A Polícia Civil não divulgou os nomes dos cinco profissionais indiciados. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Saúde informou que aguarda notificação oficial para se manifestar.

Os médicos respondem ao inquérito em liberdade. Se condenados, a pena pode ser de um a três anos de reclusão.