Quinze dias depois de ter sido encontrada gravemente ferida em uma matagal no bairro Cânyon, em Caxias do Sul, a adolescente de 15 anos luta pela própria vida: depois de passar por uma cirurgia na cabeça, está na UTI no Hospital Pompéia. Nesta terça, o quadro apresentava melhoras clínicas, segundo o hospital, que não dá mais detalhes.
A mãe, a diarista Andréia Alves, 32 anos, não tem trabalhado para visitar a filha diariamente. Andréia é mãe de outra menina de 10 anos e de um bebê de 9 meses. Com o marido, padrasto da jovem, ela se reveza no cuidado das crianças para ir ao hospital.
- Deixamos nas mãos de Deus. O que podemos fazer por ela agora é orar. Ela abre e fecha os olhos, mas só isso. O médico diz que é como se ela nascesse de novo e que ela não lembra de nada - diz a mãe, desolada.
O caso da jovem comoveu a comunidade. No primeiro dia de trabalho, foi atacada a caminho do emprego, no amanhecer do dia 9 de setembro. Ela auxiliaria informalmente os donos de uma fábrica artesanal de massas, na Rua das Arapongas, no bairro Vila Ipê, Zona Norte da cidade. Ela só foi encontrada no início da tarde, caída em um barranco próximo ao local de trabalho, com golpes na cabeça e apenas de calcinha e camiseta.
A polícia chegou a interrogar dois suspeitos, detidos pela Brigada Militar após uma tentativa de linchamento de moradores do Cânyon e da Vila Ipê. Um deles negou e outro acusou o primeiro de ter atacado a garota. Os dois autorizaram a coleta de material genético para análise do Instituto Geral de Perícias (IGP), solicitado com prioridade pela Delegacia de Homicídios.
Moradores foram ouvidos pela polícia para tentar estabelecer a relação dos suspeitos com o crime, mas não souberam apontar o motivo da acusação.
- Eles (os moradores que tentaram linchar os rapazes) disseram que ouviram falar que foram os dois. De concreto, só tenho a palavra de um suspeito contra o outro - diz o delegado Rodrigo Duarte.
Segundo os moradores, o matagal é frequentado por viciados em crack e prostitutas, que se beneficiam da falta de iluminação e do mato para consumir drogas e promover encontros sexuais. Porém, depois do episódio, os frequentadores não voltaram ao local e a polícia não pôde interrogá-los. O líder comunitário do bairro, Marciano Corrêa da Silva, pretende solicitar à Codeca a roçada do lugar, ainda que a área seja privada.