Por volta das 17h desta quinta-feira, um senhor vestido todo de branco, carregando em uma mão um buquê de flores e com a outra segurando sobre os ombros um caixão de papelão, protestava em frente ao Posto de Pronto-Atendimento 24 horas, em Caxias do Sul.
Formar um exército de um homem só foi a forma encontrada pelo enfermeiro José Antônio de Oliveira, 61 anos, de mostrar sua indignação pela morte do pedreiro Pedro Lemos dos Santos no último dia 15. Pedro faleceu enquanto aguardava atendimento no postão.
Coincidentemente, José Antônio chegou ao postão no mesmo momento em que a equipe do Cremers deixava o prédio após uma vistoria, também motivada pela morte de Pedro dos Santos.
O enfermeiro, natural do interior da Bahia e também comerciante de tapiocas, escolheu a quinta-feira para o protesto para poder se dirigir com seu caixão para a Câmara de Vereadores, onde pretendia entregar o objeto para algum parlamentar. No caixão, lia-se a mensagem "ontem foi ele, hoje pode ser eu, amanhã vai ser você".
_ A morte do pedreiro me chocou profundamente. Há seis meses, eu já havia ido à Câmara vestido de preto para alertar que era questão de tempo para alguém morrer aqui (no postão). A saúde de Caxias do Sul está morrendo _ afirma.
Durante o protesto, José Antônio apontava o caixão e as flores para a janela que imaginou ser da secretária municipal de Saúde, Dilma Tessari. Na maior parte do tempo, porém, manteve-se em silêncio em frente à entrada do prédio para chamar a atenção dos pedestres e dos pacientes que esperavam atendimento.
Manifestação
Com caixão e buquê de flores, homem protesta em frente ao postão nesta quinta-feira, em Caxias
Ato foi motivado pela morte do pedreiro Pedro Lemos dos Santos, há nove dias
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