Era um tempo bem mais difícil do que agora. As dívidas do clube estavam transbordando, a torcida não acreditava em mais nada e a classificação à segunda fase da Série D era algo distante. Luiz Carlos Martins, o técnico anterior, havia trazido vários reforços que não deram resultado e sequer tinha conseguido dar padrão de jogo à equipe. Com cinco pontos em 12 disputados e na quarta colocação do Grupo 8, o Juventude clamava por mudança. A direção, então, arriscou: Lisca foi apresentado como novo treinador no dia 30 de julho do ano passado e tinha uma única missão: fazer uma revolução no Jaconi.
- Consegui implantar uma filosofia de trabalho, uma política junto com a direção que acabou dando certo. Demos valor aos garotos formados na base e eles conseguiram se projetar. Cheguei num momento complicado do clube, com muitos problemas financeiros, mas desde o início eu valorizei essa minha vinda para o Juventude. Paguei uma multa no Novo Hamburgo para vir para cá. Eu sabia que o Juventude podia me dar a projeção que eu queria - analisa Lisca.
Há um ano no Ju, ele tem o que comemorar. Não só ele, mas o clube em si. A revolução de Lisca deu mais certo do que errado. No início, conseguiu recuperar os pontos perdidos na Série D, classificou o time à segunda fase com 12 pontos e colocou os garotos para jogar, como o goleiro Follmann, o polivalente Ramiro, o zagueiro Bressan e o volante Fabrício. O único vacilo foi perder por 3 a 0 para o Cianorte-PR no jogo de volta das oitavas de final, principalmente porque a vaga estava encaminhada depois da vitória de 3 a 1 no Jaconi.
Com a eliminação na Série D, a solução foi encarar a Copinha estadual como Copa do Mundo. E, com salários atrasados, Lisca tomou a frente do pelotão de jogadores para contornar um princípio de greve. Os meninos entenderam, os experientes apoiaram a causa e o time patrolou todo mundo, sendo campeão em pleno Estádio Bento Freitas. Ali, os meninos viraram homens e chamaram a atenção do Grêmio, que comprou Bressan, Ramiro, Follmann e o atacante Paulinho. Mesmo destino de Alex Telles, vendido para um grupo de empresários que o colocou no Estádio Olímpico.
As vendas desafogaram as finanças e o clube começou a respirar. No Gauchão 2013, o novo time de Lisca engrenou no segundo turno, eliminou o Grêmio de Vanderlei Luxemburgo, Vargas, Barcos e Zé Roberto, chegou à final, assustou o Inter no Centenário e só foi parado pelo árbitro Márcio Chagas, que anulou um gol legítimo de Diogo Oliveira. Mesmo com a derrota nos pênaltis, o Juventude saiu por cima. Hoje, o que aconteceu e o que está acontecendo com ele é um marco pessoal.
- O Juventude é o clube em que estou mais tempo. Fiquei um ano e meio no Luverdense-MT, mas saí e voltei. Um ano seguido como agora, só no Juventude. No Inter, fiquei muito tempo, mas nas categorias de base - conta o treinador, um dos responsáveis pelos 23 jogos (sendo dois amistosos) dos 51 de invencibilidade no Estádio Alfredo Jaconi.
Líder do Grupo 7 da Série D, a meta agora é uma só:
- O foto total está no acesso, para coroar esse trabalho de um ano. Vamos mudar o clube se subirmos. E aí eu quero permanecer e iniciar um trabalho ainda melhor.
Fato raro
Técnico Lisca completa nesta terça-feira um ano no comando do Juventude
Em 39 jogos oficiais, ele tem 21 vitórias, 12 empates e seis derrotas
Adão Júnior
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