Nem mesmo a pandemia barrou a 29ª edição da Mercopar – Feira de Inovação Industrial, realizada em Caxias do Sul, entre os dias 17 e 19 de novembro, nos Pavilhões da Festa da Uva. Apesar da restrição de público, com no máximo 1.700 pessoas por turno autorizadas a frequentar o espaço, a Mercopar cumpriu sua função, de não apenas gerar relacionamentos comerciais, mas também estimular pessoas e empresas a emergir no universo da inovação. Nos três dias, a feira recebeu 7.184 visitantes presenciais. Mas, por se tratar de uma programação híbrida, em função da pandemia, houve 5.038 cadastros para acompanhamento online das atividades. Interessante é perceber que, ao longo desses quase 30 anos, a feira mudou seu perfil, se modernizando.
– A Mercopar nasceu como uma feira que chamávamos de subcontratação industrial, destinada às empresas grandes que subcontratavam empresas menores para atender às suas necessidades. Com o passar do tempo, com o aumento da importância das pequenas empresas para a economia, a Mercopar veio acompanhando essa evolução – explica André Godoy, diretor superintendente do Sebrae-RS, uma das entidades promotoras da Mercopar, ao lado da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
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Essa maior relevância das pequenas empresas que passaram a ser protagonistas e não apenas coadjuvantes foi a segunda revolução pela qual passou a Mercopar. E, mais recentemente, a partir de 2019, a feira passou a incorporar, além da apresentação de produtos, e da prospecção de clientes uma série de palestras e atividades para a troca de experiências e compartilhamento de conhecimento.
– A evolução mais recente se refere ao novo foco da Mercopar, mais direcionada à inovação industrial. Esse enfoque começou ainda em 2019. Neste ano, tivemos o dobro de startups que tivemos em 2019, além de incorporarmos uma programação voltada à Indústria 4.0 – revela.
Godoy reconhece que, na pandemia, os holofotes foram todos lançados a favor da inovação. Grande parte das empresas precisou colocar em prática conceitos novos, que rompessem com modelos tradicionais. Quem não ousou, ou sucumbiu, ou perdeu a oportunidade de crescer.
– A inovação tem assumido importância maior na interação com os parceiros comerciais, trazendo vantagens, desde o aumento da produtividade, bem como da qualidade que as empresas conseguem entregar nos seus produtos, por meio das novas ferramentas tecnológicas – argumenta.
Se em 2019 foram gerados R$ 65 milhões em volume de negócio, neste ano, este número foi de R$ 78 milhões. A explicação para um índice 20% maior do que no ano passado, apesar do contexto da pandemia, se deve ao novo formato da feira.
– Um dos grandes atrativos da Mercopar, em anos anteriores, era a Rodada de Negócios, em que empresas interessadas em firmar uma parceria sentavam frente e frente para negociar. Esse interesse aumentou ainda mais neste ano, com a rodada virtual. Se antes o cara precisava vir a Caxias para negociar, hoje pode ser feito online. Isso ampliou demais a nossa capacidade de gerar negócios – defende Godoy.
É por esses e tantos outros motivos que a Mercopar 2021, além de focada em novos processos, novas tecnologias e inovação, deve manter seu formato híbrido, mesmo que a pandemia já tenha sido controlada por meio de uma vacina salvadora.
Robôs entre nós são uma realidade, não apenas em cenas de ficção científica
Não se trata de nenhum filme de ficção científica e, sim, já é uma realidade. Os robôs de fato deverão se fazer cada dia mais presentes no cotidiano e não apenas das empresas, mas nas casas das pessoas. O maestro e pianista brasileiro João Carlos Martins é um dos que tem utilizado da tecnologia para seguir sua carreira. Em 1965, ele sofreu um acidente, em Nova York enquanto jogava bola no Central Park, caindo sobre uma pedra.
A partir disso, ele já passou por mais de 20 cirurgias para tentar recuperar a perda de movimentos. De posse de luvas biônicas, no entanto, ele pode, enfim, voltar a tocar. E, graças ao Robô Joquinha, desenvolvido pela SPI Integração de Sistemas, à mostra na Mercopar, com um simples toque em um pedal conectado a um braço robotizado, o maestro pode ter a tecnologia a seu serviço no momento de virar a página do livro de partituras.
Mayara Balestrieri, 21 anos, estudante de Medicina Veterinária, estava no estande da SPI para fazer a demonstração de como funciona o robô Joquinha.
– O maestro tem usado o robô desde 2019 e foi desenvolvido sob medida. Apenas com o toque do pedal, aciona o braço do robô, que vira a página por sucção – explica.
A mesma empresa é responsável ainda por outros dois robôs, um deles que faz selfie também com um simples clic em um pedal e, a seguir, é enviado para o e-mail cadastrado da pessoa fotografada, e o Robot x Corona, que foi desenvolvido para ajudar na limpeza dos hospitais, a ser usado em tempos de pandemia. A SPI adaptou um robô já utilizado na indústria para a realidade da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de São Paulo. O protótipo faz a retirada e substituição dos sacos de lixo nesses ambientes por meio da integração de robôs móveis autônomos (AMR) e de um cobot (robô colaborativo).
– Enquanto que o Joquinha mostra como a tecnologia pode colaborar com a arte, nesse projeto do cobot, percebemos como a tecnologia pode colaborar com a saúde. Porque foi desenvolvido um sistema para que se pudesse diminuir o contato humano dentro das UTIs a fim de se diminuir o contágio – explica Camila Policarpo, 31, engenheira de vendas da SPI.
Protocolos sanitários durante a Mercopar
Durante os três dias da Mercopar, robôs foram utilizados para a prevenção da covid-19. Em parceria com a Marcopolo Next, a Mercopar dispôs do safe check-in, um totem de autoatendimento, usado para a prevenção de contaminações, com leitor de temperatura, verificação de uso de máscara, validador de acesso e álcool gel.
Outra atração foi o Robô Coronatech, um humanoide com interface amigável que tem como uma de suas funções fazer a aferição de temperatura dos participantes, detectando quem estiver com valor superior a 37,8°C. O Coronatech foi responsável também pelo controle do fluxo de pessoas que circularam na feira.
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