Há algo em comum entre os três municípios serranos que mais demitiram do que contrataram no primeiro trimestre de 2019. Todos estão situados na região das Hortênsias. Entre janeiro e março, Picada Café foi quem mais cortou postos de trabalho na Serra, 326 no total, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na sequência aparecem Gramado e Canela, que tiveram saldos negativos de 270 e 92 vagas, respectivamente.
Se o fator sazonal das safras impulsiona as contratações em cidades com agropecuária forte, em Gramado e Canela o início do ano é marcado por uma desaceleração na atividade econômica, o que acaba resultando no fechamento de posições com carteira assinada. Nos dois municípios, o turismo é o carro-chefe da economia. Com isso, o setor de serviços acaba sendo o fiel da balança na geração de empregos. E foi justamente o segmento o principal responsável pelas demissões ocorridas nas duas cidades, com o encerramento de mais de 300 posições na baixa temporada.
– É possível que o saldo negativo seja reflexo do término do Natal Luz. Há um movimento de contratação provisória entre novembro e janeiro e a partir de fevereiro essas pessoas começam a ser dispensadas – explica Fernando Boscardin, presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur Serra Gaúcha).
Além disso, o dirigente constata que o turista anda com um comportamento mais cauteloso do que em outras épocas. Neste sentido, Boscardin destaca que no passado as reservas de hotéis na região costumavam ser realizadas com antecedência de até um ano antes da data da viagem. Agora, os viajantes confirmam a hospedagem cerca de 15 dias antes de desembarcar.
Já em Picada Café foi a indústria de transformação que liderou os cortes. O segmento teve saldo negativo de mais de 300 oportunidades formais, sendo mais de 90% delas no setor calçadista. A cidade abriga duas fábricas de calçados.
– Acreditamos que a queda se deu pela instabilidade econômica do país. O primeiro trimestre é mais de especulação, de esperar como será o novo governo – aponta Cléri Spindler, secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Picada Café.
Para a secretária, a tendência é de que a geração de empregos volte a ocorrer conforme a economia siga a trajetória de recuperação.