Apesar de ter criado mais de 5 mil vagas ao longo de 2018, Caxias do Sul tem um longo caminho até recuperar a mesma força de trabalho existente antes da crise. De 2014 a 2017, o município encerrou 25,2 mil postos com carteira assinada, conforme a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do governo federal. Sendo assim, Caxias ainda possui um déficit superior a 20 mil empregos. Mais precisamente, a cidade carece de 20.094 posições, sendo 14.327 delas apenas na indústria de transformação.
Leia mais:
Em 2018, indústria criou 80% dos empregos formais em Caxias
Setor de serviços gera chance de recomeço para ex-funcionários da indústria em Caxias
Se mantido o ritmo de geração de vagas verificado no ano passado, Caxias precisaria mais quatro temporadas para alcançar seu patamar máximo de empregos. Contudo, a economista e diretora da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) Maria Carolina Gullo ressalta que a conta é mais complexa. Por uma série de fatores, não há certeza de que no futuro a cidade volte a ter a mesma quantidade de trabalhadores do passado.
- Muitos que ficaram desempregados não eram de Caxias e voltaram para suas cidades. Ainda teve gente que pegou a rescisão e virou microempreendedor individual. Além disso, há um movimento natural de redução de trabalhadores. O mercado está escolhendo pessoas mais produtivas, que façam duas ou três funções ao mesmo tempo, e avança a robotização - contextualiza Maria Carolina.
De qualquer forma, o desempenho da indústria seguirá sendo decisivo para a recomposição das vagas destruídas no período da recessão. E, neste cenário, pesará em especial a situação das duas maiores empresas da cidade. Somente em 2018, a Marcopolo realizou em torno de 2 mil contratações, enquanto as Empresas Randon efetivaram mais de 1,5 mil pessoas na região.
O diretor presidente da Randon, David Randon, constata que após a leva de contratações realizadas, o grupo atingiu um nível de estabilidade. Se a demanda continuar ascendente, a perspectiva segue positiva quanto à continuidade da geração de postos. Atualmente, todas as companhias do grupo empregam 11 mil pessoas, sendo 80% dos postos em Caxias do Sul. Antes da crise, quando tinha menos plantas industriais, eram 12 mil empregados
- Estamos produzindo duas vezes e meia a mais do que em janeiro de 2018. Claro que não estamos na mesma proporção de antigamente (de produção antes da crise), mas nossas fábricas ainda demandam grande quantidade de mão de obra - destaca Randon.
Na Marcopolo, a criação de novas vagas também está relacionada à evolução da carteira de pedidos. O diretor de recursos humanos da empresa, Thiago Deiro, destaca que em 2019 a tendência é de que a produção se acelere no segundo semestre, o que pode se traduzir em novas vagas.
- Para o volume do primeiro semestre, estamos com mão de obra equalizada. Mas imaginamos que no segundo semestre os pedidos vão crescer e talvez seja necessário aumentar (a mão de obra) em até 10% (em torno de 850 vagas) - projeta.
No momento, a Marcopolo conta com 8,5 mil trabalhadores nas suas unidades fabris em Caxias. Antes da crise, eram mais de 10 mil. Deiro constata que a empresa tem dado prioridade à recolocação das pessoas que haviam sido dispensadas durante a crise. Neste sentido, comenta que em torno de 60% das contratações recentes foram de ex-funcionários.