Caxias do Sul foi a cidade que mais gerou postos de trabalho no Estado em 2018. De janeiro a dezembro, o município abriu 5.132 vagas com carteira assinada. O número foi divulgado pelo governo federal na manhã desta quarta-feira (23) através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Saldo das 68.503 contratações e das 63.371 demissões ocorridas no período, o resultado consolida a retomada do mercado de trabalho no município. É a primeira vez desde 2013 que Caxias tem desempenho positivo no Caged.
O destaque do ano ficou por conta da indústria de transformação, que abriu 4.096 vagas formais. Em todo o Brasil, apenas Quixeramobim, no Ceará, criou mais empregos industriais do que a cidade serrana.
- É um resultado excepcional, mas por vir de uma base bem ruim, se considerarmos os postos cortados na crise. Há uma tendência positiva, que nos deixa animados. A indústria começa a ter mais confiança. Acreditamos que neste ano vamos crescer e podemos até melhorar (a geração de vagas) - projeta Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias (Simecs).
O setor caxiense de serviços também fechou a temporada passada no azul, com a criação de 1.155 postos de trabalho. Já o comércio iniciou uma trajetória de recuperação, ainda que tímida, ao abrir 89 posições nos últimos 12 meses.
Por outro lado, a construção civil foi o setor que teve pior desempenho, já que fechou 184 vagas no período. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (Sinduscon), Oliver Viezzer, considera previsível o cenário. O dirigente considera que, por 2018 ter sido um ano de eleições, a demanda por novos empreendimentos imobiliários demonstrou uma recuperação mais lenta do que o esperado.
- Em um ano eleitoral é difícil assumir compromissos de longo prazo, como a compra de imóveis. Mas vamos percebendo que as incorporadoras estão menos pessimistas com o futuro. Já está se aprovando mais projetos e a tendência é que em 2019 haja um pequeno crescimento nos empregos do setor constata.
Em 2018, também fecharam no vermelho os serviços industriais de utilidade pública e a agropecuária, que encerraram 25 e 13 vagas, respectivamente.
Dezembro com saldo negativo
A geração de vagas poderia ser ainda maior. Isso porque apenas em dezembro Caxias encerrou 2.506 postos de trabalho, resultado das 3.551 contratações e 6.057 demissões que aconteceram no período. Só a indústria fechou 1.487 posições, enquanto o setor de serviços encerrou 666 vínculos.
- Dezembro é um mês com muitas férias coletivas e desligamentos, então por isso a maioria dos setores acaba tendo saldo negativo. É um resultado sazonal, ocorre todo o ano - salienta Lodonha Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Dezembro foi o único mês de 2018 no qual Caxias teve saldo negativo no Caged. Mesmo que no conjunto do ano passado os números sejam positivos, Lodonha enfatiza que Caxias ainda está longe de recuperar a totalidade dos empregos destruídos durante a recessão. Entre 2014 e 2017, o município cortou mais de 25 mil postos de trabalho, sendo a maioria na indústria. Desta maneira, ainda faltariam em torno de 20 mil vagas para se voltar ao mesmo nível de emprego pré-crise.