Após sofrerem durante todo 2015 com inúmeras intempéries climáticas, como calor antecipado, geada fora de época, granizo e excesso de umidade, os agricultores recebem agora um novo baque: o governo federal não está repassando os recursos referentes ao seguro agrícola. O benefício, que é utilizado como forma de proteção aos produtores rurais para os casos de perda de safra, deveria contar com subvenção (pagamento) de 60% da União. Como o governo não está pagando a parte dele, os agricultores estão tendo que arcar com 100% da dívida se não quiserem que o seguro seja cortado.
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Em Caxias, o problema está afetando cerca de 600 propriedades, estima o Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, e envolve principalmente produções de uva, caqui, tomate, cebola, maçã, ameixa e pêssego. Em cifras, a dívida federal equivale a aproximadamente R$ 5 milhões para os produtores do município. Já em todo Estado, a projeção é de que 4,5 mil propriedades estejam sendo afetadas.
- Alguns produtores já estão sendo avisados pela seguradora que se não quitarem tudo, a apólice vai ser cancelada. Dessa forma, quem não pagar os 60%, vai perder o seguro e, inclusive, os 40% que já pagou - conta Rudimar Menegotto, presidente do sindicato.
Para tentar reverter esse quadro, uma comitiva gaúcha de deputados e lideranças agrícolas esteve em Brasília nesta semana para expor a situação ao governo. O encontro mais importante ocorreu na quinta-feira, com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Olir Schiavenin, coordenador da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, participou dessa reunião:
- O ministro se mostrou sensibilizado com a causa, mas não deu garantia nenhuma de que o governo vai conseguir pagar. Ele disse que a Fazenda não tem esse dinheiro e que ia tentar ver com outra fonte, mas nada certo. A situação está muito complicada. Vou a Brasília participar desses encontros há 30 anos e nunca vi um cenário tão preocupante - lamenta o dirigente.
Schiavenin ressalta que as perdas na safra da uva giram em torno de 50% nesta temporada, devido às intempéries, e que por isso "este ano é que o seguro deveria funcionar melhor". Ele avalia ainda que a decisão de continuar tendo seguro ou não deve ser avaliada caso a caso, mas que provavelmente nas propriedades bem atingidas pelas intempéries vai compensar para o produtor arcar com os 60% da União:
- A questão é que o governo criou esse problema e agora joga no colo do agricultor. Se não tinham como pagar, por que venderam essa ideia? Precisamos de mais coerência da parte deles. A agricultura sustenta esse país e só recebe prejuízos.
Mais um golpe
Governo não repassa recursos do seguro agrícola para agricultores de Caxias
O benefício deveria contar com subsídio de 60% da União
Ana Demoliner
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