"Parar de inovar é hipotecar o futuro da empresa", diz Clovis Tramontina, em Caxias

Apesar da retração na indústria nacional, que persiste há mais de um ano, as empresas não podem deixar de investir. Essa estratégia será um diferencial importante quando o momento econômico turbulento passar.

O ensinamento foi dado a empresários da Serra por Clovis Tramontina, presidente do Conselho de Administração da Tramontina, empresa de Carlos Barbosa que está no mercado há mais de um século e atua em cerca de 120 países. O executivo palestrou na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) nesta quarta-feira, em reunião-almoço, sobre o tema Tecnologia e Pessoas: eficiência e dedicação na medida certa.

- Ajustamos os investimentos nesse momento, mas não paramos. Assim, quando a crise passar, estaremos na frente dos concorrentes - acredita Tramontina.

A inovação, salientou o empresário, é palavra-chave para seguir crescendo no mercado. A qualidade, que tempos atrás era considerada um diferencial, hoje já é característica comum entre todos. 

- Parar de inovar é hipotecar o futuro da empresa. Se a concorrência já é complicada inovando, sem isso não tem jeito de crescer - destaca.

Para ser referência em inovação, a Tramontina aposta em Centros de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento. Cada uma das 10 fábricas da empresa contam com um desses laboratórios.

- Se eu fosse o governador, instalaria vários desses. Não é aumentando impostos que cresceremos, eles (governantes) têm que criar centros de inovação. Antigamente, um produto ficava em linha mais de 30 anos. Isso não existe mais, as necessidade mudam toda hora, por isso a importância da pesquisa e da inovação - avalia Tramontina.

A robotização da indústria, contou, é uma realidade e aumenta em muito a produtividade. O executivo ressaltou, porém, que isso não diminui o número de empregos. 

- Há 10 anos a Tramontina tinha 63 robôs e cinco mil funcionários. Hoje temos 403 robôs e 7,5 mil funcionários. Também aumentamos nosso faturamento em 40% no período. A robotização traz mais segurança ao trabalhador e dá ritmo e padronização para a produção. Fora que eles não tem sindicato - brincou Tramontina.

O empresário salientou ainda que a valorização das pessoas, somada ao investimento em tecnologia, resulta em eficiência nas empresas. A capacitação, destacou, deve ser para todos na empresa, não apenas para líderes. Assim o funcionário cria um sentimento "de pertencimento". Tramontina finalizou a palestra com um conselho para os empresários:

- Acreditem no Brasil, ele não vai parar e esse momento vai passar. Cortem custos, mas sem deixar de acreditar nas pessoas.