A história dos movimentos literários de Caxias do Sul é forte e concreta. Há 55 anos, no dia 1º de junho de 1962, festejava-se a fundação da Academia Caxiense de Letras. Idealistas das letras, ligados ao ensino, à Festa da Uva, à Aliança Francesa, ao teatro e aos meios de comunicação agregaram esforços para fortalecer e incentivar a produção literária, bem como socializar em grupo correntes de vários gêneros.
Conforme o livro Vultos da Cultura e Arte de Caxias do Sul, organizado por Salvador Hoffmann e Nelly Veronese Mascia (1991), a primeira diretoria foi constituída por Cyro de Lavra Pinto (presidente), Joaquim Pedro Lisboa (vice-presidente), Eloy Lacava (1º secretário), Elisabeth Longhi (2º secretário), Cristiano Carpes Antunes (3º secretário), Alderico Adami (1º tesoureiro), Ione Oliveira (2º tesoureiro), João Spadari Adami (2º tesoureiro), Jacinto Maria de Godoy (1º orador), Virgílio Zambenedetti (2º orador) e Élio Gomes Pinheiro Machado (3º orador).
Na época, o clã literário contava com os entusiastas Mário Gardelin, Claudio Eberle, Zulmiro Lermen, João Formolo, Frei Gaudêncio Formolo, Edmundo Pezzi, José Zugno, Ely Andreazza, Julio Ungaretti, Ester Troian, Clóvis Pinheiro, entre outros.
Segundo o estatuto, em seu artigo 1º, a instituição tem como objetivo incentivar e cultivar o gosto pelas belas letras, realizando reuniões, onde serão lidas as produções dos membros associados, visando a publicação em sua revistas.
Joaquim Pedro Lisboa
A constituição da Academia Caxiense de Letras contou com a colaboração de Joaquim Pedro Lisboa (1887-1974). Personalidade dotada de expressiva capacidade literária, Lisboa foi além da arte e da capacidade escrever. Primeiramente, criou a Festa da Uva, em 1931. Nos meios e comunicação, integrou o grupo de fundadores da Rádio Caxias (1946) e do CTG Rincão da Lealdade (1953).
Exímio escritor de novelas, Lisboa tem várias contribuições na imprensa. Em fevereiro de 1956, fez uma descrição histórica da importância da Festa da Uva na valorização da viticultura e sua graça em celebrar a colheita. No tradicionalismo, tinha uma coluna no jornal Pioneiro, onde divulgava a cultura gaúcha. Lisboa foi o primeiro a escrever na imprensa caxiense sobre o espetáculo das cavalhadas em Cazuza Ferreira, em 11 de fevereiro de 1961.
Testemunho de Décio Bombassaro
O filósofo Décio Bombassaro testemunhou a origem da Academia. Frequentando a barbearia do historiador João Spadari Adami, Bombassaro ouvia as articulações entre Ciro de Lavra Pinto, Virgilio Zambenedetti e do próprio Adami, para fundar a instituição.
Na imagem acima, percebe-se o professor Bombassaro em sua biblioteca, com a nostálgica máquina de escrever. Recentemente, Bombassaro lançou a obra A Apelação de Sócrates.