
Câncer é o signo das nossas nutrições básicas – comida, casa e afeto – e seu símbolo astrológico evoca um par de seios. Do leite materno ao prato preferido, vamos compondo nosso perfil gastronômico na vida, tendo por referência uma sensação interior de prazer e saciedade, definida bem cedo em nossos registros emocionais. Sim, emoção e alimentação andam juntas, e isso explica muita coisa de nossas fomes reais ou simbólicas. Comida é, literalmente, assunto de todo dia, na mesa ou na mídia. E o que dizer do atual bombardeio de programas gastronômicos na televisão?
São dezenas de reality shows, competições e debates em cima da gastronomia, tornando a arte de comer um modismo. Busquemos pistas disso no céu. Desde 2008, Plutão vem transitando em Capricórnio, exacerbando os temas desse signo, cuja polaridade com Câncer compõe no zodíaco o eixo das nossas estruturas. O aquoso Câncer rege as bases emocionais, enquanto o oposto Capricórnio define as estruturas mundanas, como o sistema de produção. Assim, em contraponto ao feroz imperativo da comida industrializada por grandes corporações e ao hábito de cada vez mais comermos fora de casa, parece óbvio o resgate do sentido primordial da comida, artesanal e pessoal, como evocado por Câncer. Bingo! A mídia achou o que nos falta: comida de verdade, com emoção.
Na tevê, cozinhar virou espetáculo. Ficamos fascinados por receitas que não faremos e por pratos que jamais provaremos. Diante de um sistema de produção em colapso (Plutão em Capricórnio), nossas emoções de desesperança e vazio são compensadas pela idealização da comida canceriana – e todo prato bonito cai nas redes sociais.
Mas, se há exploração mercadológica, também se percebe mais consciência sobre a alimentação. Muitos retomam o hábito de preparar sua própria comida ou buscam produtos mais saudáveis. Como afirma o estudioso do assunto Michael Pollan, cozinhar e reunir gente amada na mesa é um ato de liberdade e amor ante a dominação de um mundo industrializado e impessoal.
E aí, vamos pra cozinha?