O fenômeno da primeira Lua Cheia após o equinócio de Áries marca, nas culturas ocidentais, o evento da Páscoa. A celebração, de cunho religioso, tem simbolismo diferente para judeus e cristãos. Representa a passagem do cativeiro no Egito para a liberdade da Terra Prometida, entre os judeus, e, para os cristãos, a vitória da vida sobre a morte com a ressurreição de Jesus. Embora distintas no significado religioso, as duas Páscoas se dão sob essa mesma Lua Cheia ariana. Isso já revela o quanto culturas diferentes interpretam de modos também diferentes os mesmos fenômenos celestes.
Entre os povos antigos, a observação dos céus foi decisiva na marcação dos ciclos naturais e na construção dos calendários agrícolas. Sem o conhecimento da ordem celeste, não seria possível o manejo da natureza, vital para a sobrevivência humana e para a nascente organização social. Por isso se diz que a astrologia é a mãe de todas as ciências. Cabia aos sacerdotes registrar o deslocamento dos grupos de estrelas no céu, marcar as fases lunares, a passagem dos planetas e o ciclo das estações, como ferramentas de ordem e proteção.
Cada constelação ganhou significados, em narrativas míticas criadas por cada cultura em seu contexto. A maior parte de nosso atlas celeste veio dos gregos, a partir de heranças de outros povos. E conhecemos até hoje os desenhos do gigante Órion, da Ursa Maior, do Cão Maior, entre aquelas constelações que marcavam a roda zodiacal.
Em outros cantos do mundo, tais grupos estelares receberam outros nomes e simbologias. Aliás, se concebia outras formulações de grupos para as mesmas estrelas. Onde os gregos avistam as constelações do Centauro e do Escorpião, por exemplo, os índios tupis-guaranis do Brasil viam uma gigantesca Ema. A trilha de estrelas e nebulosas da Via Láctea era chamada pelos nossos índios de Caminho da Anta.
Seja qual for a simbologia cultural projetada no céu, nossos antigos ritos seguem uma cadência cósmica. Então, celebremos a primeira Lua Cheia do novo ano astrológico. A Lua da Páscoa.