Por Julcemar Bruno Zilli, economista
O aumento do custo de vida tem sido um tema recorrente em todo o mundo. No Brasil, a cesta básica é um dos indicadores mais importantes para avaliar o impacto dos preços da economia sobre a população, principalmente, de baixa renda. Em Passo Fundo verificou-se que o custo dos produtos que compõem a cesta básica de uma família típica apresentou uma alta de 2,16% no mês de março de 2023, quando comparado com os preços médios praticados no mês de fevereiro de 2023.
Conforme os dados apurados mensalmente pelo curso de Ciências Econômicas da Universidade de Passo Fundo, em fevereiro de 2023, foram necessários R$ 1.484,68 para a aquisição da cesta básica em Passo Fundo. No entanto, em março de 2023, o custo foi de R$ 1.516,29, representando uma alta de R$31,61 por cesta. Esse aumento no preço da cesta básica é preocupante, pois impacta diretamente a qualidade de vida de muitas famílias da cidade.
A cesta básica acompanhada é composta por 42 produtos, entre alimentos, higiene e limpeza, considerados essenciais para a subsistência da população. O aumento no custo desses produtos pode dificultar o acesso a uma vida saudável e equilibrada, prejudicando a saúde e o desenvolvimento das crianças e jovens. Além disso, o aumento no preço dos alimentos pode gerar um efeito cascata em toda a economia da cidade. Com o aumento no custo da alimentação, muitas famílias podem ter que reduzir seus gastos com outros itens básicos, como transporte e saúde, o que pode afetar o comércio local e a geração de empregos.
Segundo os dados divulgados pela Universidade de Passo Fundo, carne bovina, ovos e pão foram os produtos que apresentaram as maiores altas nos preços na cesta básica em Passo Fundo no mês de março de 2023. Já o óleo comestível e o leite foram os produtos que apresentaram as maiores baixas nos preços.
A carne bovina é um dos alimentos mais consumidos pela população brasileira, com um peso significativo na composição da cesta básica. A alta nos preços desse produto está relacionada à retomada nas exportações brasileiras do produto após o embargo imposto por alguns países devido a possível foco de vaca louca. Os ovos também apresentaram alta devido à menor oferta no mercado, consequência da avicultura impactada pelos altos preços dos insumos para produção de ração e outros fatores. Já o pão, pode estar relacionado ao aumento dos custos com os ingredientes, especialmente com o trigo, com seu preço influenciado pela variação do dólar.
Por outro lado, o óleo comestível e o leite apresentaram as maiores baixas nos preços. A queda no preço do óleo comestível pode estar relacionada à queda nos preços da commodity soja, principal matéria-prima utilizada na produção de óleo comestível. Já a queda no preço do leite é explicada pelo aumento da oferta e da concorrência no mercado, devido ao aumento da produção de leite no país e à importação de leite em pó de outros países.
Diante desse cenário, é importante que as autoridades locais adotem medidas para mitigar os impactos do aumento no custo da cesta básica. Uma das possibilidades é a criação de programas de distribuição de alimentos para as famílias em situação de vulnerabilidade social. Essa medida pode garantir o acesso a uma alimentação adequada e reduzir o impacto da inflação sobre as famílias mais pobres. Outra alternativa é a criação de políticas públicas que incentivem a produção e o consumo de alimentos locais. Isso pode estimular a economia local, gerar empregos e reduzir a dependência de produtos importados, que muitas vezes são mais caros e têm um impacto ambiental mais elevado.
Além disso, é importante que a população esteja consciente dos impactos do aumento no custo da cesta básica e adote medidas para reduzir o desperdício de alimentos e otimizar o uso dos recursos disponíveis. Isso pode contribuir para uma alimentação mais saudável e sustentável, além de reduzir os custos com alimentos no orçamento familiar.
Em resumo, a alta nos preços de alimentos básicos como carne bovina, ovos e pão, associada à queda nos preços de produtos como óleo comestível e leite, impacta diretamente o poder de compra da população e a qualidade de vida das famílias mais vulneráveis.