Por Jean Grivot, arquiteto e gerente de produto da Woss Incorporadora
Cidades com história para contar defrontam-se com desafios em relação a suas construções mais antigas. Normalmente, levanta-se um debate equivocado. De um lado, a defesa de tombamentos intransigentes: numa desesperada — e ineficaz — tentativa de fazer o tempo parar. Do outro lado, um progressismo irresponsável e desrespeitoso, que deseja substituir o antigo pelo novo de modo impiedoso. A solução, como quase sempre, está no caminho do meio: preservar a memória e o legado com o auxílio das tecnologias do progresso.
Porto Alegre é uma dessas cidades que contam histórias através de casarões que podem fazer parte de iniciativas diferenciadas. E para evitar que o passado se perca e memórias seculares desapareçam, esses imóveis têm, aos poucos, sido vistos como oportunidades de desenvolvimento econômico e social — gerando empregos e arrecadação.
O tradicional bairro Moinhos de Vento tem recebido diversos projetos que preveem a restauração de imóveis do início do século 20
Hoje, mais de 5 mil imóveis de Porto Alegre são protegidos pelo Patrimônio Histórico e Cultural — acima de Rio de Janeiro e São Paulo. Algumas dessas tantas casas tombadas vêm passando por restauros que evitarão sua derrocada. E isso se dá, também, por conta de uma nova legislação, que incentiva a preservação desses imóveis, viabilizando empreendimentos que valorizam a história da cidade através da arquitetura.
O tradicional bairro Moinhos de Vento tem recebido diversos projetos que preveem a restauração de imóveis do início do século 20 —, reunindo, harmoniosamente, passado e presente. Na Rua Barão de Santo Ângelo, por exemplo, um casarão está sendo reformado como parte de um novo empreendimento. Recentemente, casas da década de 1930, onde funcionaram tradicionais restaurantes da Calçada da Fama, foram reformadas. Elas serão vizinhas de modernas construções de alto padrão.
Graças às necessidades e às ferramentas do presente, essas joias do passado seguirão fazendo parte da vida de todos pelo futuro. São apenas alguns exemplos de como a história e o progresso não apenas podem conviver, como podem, juntos, frutificar em desenvolvimento.