Pedro Dutra Fonseca Professor titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFRGS
A forma de relacionamento entre Executivo e parlamentares no Brasil, que exige cada vez mais benesses e concessões negociadas com cargos e verbas públicas, sem qualquer critério a não ser o mais descarado fisiologismo, recebeu o nome polido de “presidencialismo de coalizão”. Nunca considerei tal denominação apropriada. Mas como se tornou usual na Ciência Política, e provindo eu de outra área, preferi não externar meu desconforto desde que Sérgio Abranches a consagrou há três décadas. O problema é que as palavras importam e impactam na área em que trabalho: a economia. A ideia era boa: num presidencialismo multipartidário, o partido que elege o Executivo raramente tem maioria. É preciso formar uma coalizão, a qual induz a compartilhamento de poderes com o Congresso, a lembrar um semiparlamentarismo. Assim, por exemplo, parece ter acontecido na experiência democrática entre 1946 e 1964, com a aliança entre PSD e PTB, os dois partidos criados por Vargas, formando com outros menores uma maioria parlamentar para respaldar o presidente.
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