Em perícia realizada pelo Ministério do Trabalho na Cooperativa C. Vale, em São Luiz Gonzaga, no final da tarde de segunda-feira (24), foi constatado o descumprimento de duas normas básicas de segurança que colaboraram com a morte de dois funcionários soterrados por 40 toneladas de grãos de soja em uma moega no sábado (23). A empresa já recebeu notificação preventiva e será interditada na sexta-feira (28).
Após a interdição, a cooperativa poderá responder criminalmente se der continuidade aos serviços prestados, até que seja reformulado os procedimentos e entregue os dispositivos de proteção previstos nas normas aplicáveis.
"A Cooperativa C. Vale está impedida de desempenhar qualquer atividade em espaços confinados. Foram deflagrados descumprimentos na NR 33 e na NR 35, que tratam das atividades exercidas em espaços confiados, que são ambientes passíveis de soterramento ou quedas de alturas. Além disso, há omissão no que se refere a trabalhos executados em alturas", relatou Ruty Allan Silva da Silva, auditor fiscal do Ministério do Trabalho.
Segundo a perícia, ainda em relação ao acidente que matou dois funcionários no sábado, a investigação avalia três possibilidades quanto a ordem do supervisor Aparício Antônio Batista Lopes, 50 anos, que fazia o plantão: ele teria dado a ordem aos trabalhadores para que fizessem este serviço, ou permitiu que fizessem ou ainda ele mesmo poderia ter liberado o acesso do tampão da moega que os soterrou.
"O supervisor alega que enquanto se afastou para pegar uma barra de alumínio para desobstruir a moega por cima, um dos funcionários gritou que estava descendo. Aparício diz ter tentado chamar os funcionários, mas eles não lhe ouviram. Ainda assim, Aparício responderá criminalmente por homicídio culposo. A responsabilidade da chave que abria a moega era dele e foi negligente ao deixá-la em local de acesso aos funcionários" disse Elaine Schonz, delegada titular da Delegacia de Polícia de São Luiz Gonzaga.
A Cooperativa C. Vale, que não quis dar entrevistas, responderá em caráter civil às famílias dos funcionários. A Polícia Civil aguarda as imagens das câmaras de segurança para avaliar a veracidade dos depoimentos recolhidos.