470 deputados na Câmara. Um ex-presidente, afastado do cargo eletivo, de costas para os que discursavam contra a manutenção do seu mandato. Este seria o cenário da noite de segunda-feira (12), não fosse um nome: o gaúcho do Alegrete Carlos Marun, deputado federal pelo PMDB de Mato Grosso do Sul.
Ao programa Timeline desta terça-feira (13), Marun foi enfático ao repetir a defesa que fez no púlpito da Câmara: não há provas de que Eduardo Cunha mentiu à CPI da Petrobras. E vai além: "estão condenando ele [Cunha] porque a mulher comprou sapato caro".
O aliado do deputado cassado tentou explicar a origem dos valores: "Ela tem renda própria. Só da Globo recebeu R$ 5 milhões de indenização".
O político refere-se aos gastos de Cláudia Cruz no exterior, anexados às investigações de recebimento de propina do deputado agora cassado.
Carlos Marun falou ainda sobre lealdade à Cunha: "Aprendi com meu pai que honra é importante. Minha intenção foi oferecer a ele chance maior de defesa".
E repetiu o discurso do ex-presidente ao dizer que o processo foi motivado por vingança e ponderou: "agora, no STF, as condições serão melhores".
Ao comparar ao processo de impeachment, uma contradição: "existe relação entre os casos. A política teve um papel preponderante no afastamento dela e na cassação de Cunha. Mas com Dilma houve prova cabal".
Ao fim, disse que não se arrepende de ter ficado ao lado de Cunha, que a cassação era esperada, mas mostrou-se chateado com a vantagem aos adversários: "Não esperávamos esse placar. O resultado, sim, era inevitável. O placar elástico surpreendeu. Dormi triste pelo resultado, mas em paz pela minha consciência".