Após a assinatura do contrato para construção da nova ponte do Guaíba, 850 famílias terão que ser removidas por viverem às margens da área onde será erguido o empreendimento. A obra depende da realocação dos moradores, que devem ficar abrigados em casas temporárias até a finalização dos trabalhos. Dúvidas e sofrimentos que atingem famílias das vilas Areia, Tio Zeca e Ilha Grande dos Marinheiros.
O Super Repórter visitou as três comunidades e conversou com pais, mães e filhos que serão reassentados, mas que no momento convivem com a incerteza do seu próprio destino. Circulando pela Ilha dos Marinheiros, o Super Repórter encontra a doméstica Carla Silva, que está há mais de dez anos no local, onde vive com o marido e os filhos. Ela agora está preocupada por não saber seu futuro.
"Estamos com medo de ter que para um lugar onde não tenha escola próxima ou até mesmo um posto de saúde. Viver assim é complicado. Parte da família já está até em depressão", lamenta a moradora.
Orçada em R$ 649 milhões, valor 26,28% abaixo do que foi previsto pelo governo federal, a nova travessia terá 7,3 km de extensão. Distância que também vai afastar a família de seu João Nunes. Morador da Vila Areia, João é pai de três meninas, e teme em parar em algum local que seja longe da escolas das crianças.
"Nasci aqui na Vila Areia e agora para onde vamos? A Prefeitura sequer veio até aqui. Ninguém nos notificou ou deu alguma informação, estamos apavoradas com esta situação", diz.
Entretanto, para o projeto sair do papel, além da vontade da presidente, é necessária a concessão da licença ambiental. Além de promessa de campanha de Dilma, a obra é uma reivindicação antiga dos gaúchos, para ligar a Região Metropolitana com o sul do Estado e desafogar o trânsito no acesso à Capital.
O consórcio Ponte do Rio Guaíba, formado por Construtora Queiroz Galvão e EGT Engenharia, foi anunciado como o vencedor do processo licitatório na última quarta-feira. A Construtora Queiroz Galvão S/A foi a mesma responsável pela construção de um trecho da BR-448, a Rodovia do Parque. A empresa tem até setembro para concluir o projeto executivo.
"Nós temos um prazo para a entrega do projeto. Então, esse projeto vai ser desenvolvido agora, mas nós podemos antes já fazer um trabalho junto aos órgãos ambientais prevendo o que vai ser feito", ponderou o diretor de infraestrutura da Construtora Queiroz Galvão, Rui Vaz.
A ideia dos governos federal e estadual é fazer as adaptações necessárias para utilizar o licenciamento ambiental já concedido para um projeto anterior. “Essa licença pode ser transferida e tem que ser adaptada. Acho que essa pretensão da presidente de começar a obra na metade do ano é possível. É claro que pode ter interferência de órgãos externos, governo estadual ou federal, que pode dar uma amarrada”, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.