Uma mureta na ciclovia da Avenida Ipiranga, no cruzamento com a Santana, surpreendeu ciclistas que fazem o deslocamento pela via. Sem aviso prévio nem sinalização, o obstáculo de 80 cm de altura e 1,80m de comprimento foi erguido no cruzamento da ciclovia, que, apesar de não estar inaugurada oficialmente, é utilizada diariamente por um grande número de ciclistas. A mureta, que fica no sentido bairro-centro ocupa metade da pista destinada aos ciclistas e deixa e eles poucas opções de desvio, já que, para contornar a construção é preciso invadir a pista contrária.
O muro, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) sempre esteve no local e foi retirado para a construção da ciclovia meses atrás. A construção é uma espécie de proteção para a ponte, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. A permanência da mureta, de acordo com a EPTC, foi exigência da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC). O diretor-presidente da empresa, Vanderlei Capellari, afirma que houve uma negociação com os técnicos para que o tamanho da proteção fosse diminuído
- Conseguimos fazer com que ela tenha uma altura menor, mas quando ao comprimento eles (EPAHC) foram irredutíveis. Tentamos, inclusive, fazer com que o muro não fosse recolocado depois das obras, mas não conseguimos - relata Capellari.
A obra está em andamento e terá fiscalização da EPTC. O muro não é visto com facilidade por ciclistas e utiliza parte importante do cruzamento. Capellari afirma que haverá sinalização no trecho, mas acredita que o obstáculo não trará problemas.
- O tamanho é adequado e é possível fazer o desvio sem prejudicar o ciclista. Sabemos que não é o ideal, mas trabalhamos em uma cidade que já estava construída. Não estamos construindo a cidade. Estamos adaptando - avalia.
A mureta é o 15º obstáculo a ser vencido no curto trecho de 2,8km . No caminho entre a Avenida Edvaldo Pereira Paiva e a Rua Silva Só são 14 postes. Dispostos, muitas vezes, no meio da ciclovia eles impedem a passagem de dois ciclistas ao mesmo tempo, contrariando o projeto original que prevê uma via bidirecional. Segundo o diretor-presidente da EPTC, apesar de estarem previstos no projeto, cada novo obstáculo exige uma solução diferente da equipe de engenharia. Ele garante, no entanto, que nos próximos trechos serão poucos obstáculos.
Vanderlei Capellari adianta a necessidade de mais desvios nas proximidades do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. Entre as avenidas Salvador França e Cristiano Fisher serão construídas duas pontes sobre o Arroio Dilúvio para facilitar o retorno de motoristas. Uma ponte será para quem retorna no sentido centro-bairro e outra para quem faz o caminho inverso. O diretor-presidente da EPTC admite que o projeto para a transposição desses cruzamentos ainda não está pronto, mas garante que serão os últimos.
Um estudo elaborado pelo Núcleo de Cicloatividade do Laboratório de Políticas Públicas e Sociais, no entanto, mostra que os desvios nos trechos subsequentes da ciclovia são mais numerosos. Somente entre a Silva Só e o local onde serão construídas as novas pontes (entre a Salvador França e a Cristiano Fisher) são onze estreitamentos de pista causados por postes. O levantamento feito pelo núcleo aponta que o trecho mais seguro da ciclovia da Ipiranga será no último intervalo, onde o espaço entre o Arroio e a faixa de rolagem é maior, possibilitando um caminho em ambos os sentidos sem que haja estreitamento de pista.