Os quadros vivos de Galeras, na Colômbia, uma tradição na qual os habitantes recriam cenas artísticas ficando imóveis durante horas, como se estivessem congelados no tempo, foram declarados Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco nesta quarta-feira (4).
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) fez o anúncio no site da rede social X.
No início de cada ano, os habitantes desse município caribenho no departamento de Sucre (norte) transformam suas ruas em um teatro ao ar livre, com apresentações de cenas que se assemelham a uma pintura.
Os protagonistas, com pinturas corporais e trajes coloridos, permanecem imóveis por duas horas, retratando personagens, atividades cotidianas e tradições, de acordo com um relatório do Ministério da Cultura.
Os quadros vivos geralmente são feitos em janeiro, mas também em datas especiais, como a Páscoa.
A prática ocorre há décadas. De crianças a idosos, eles transformam o vilarejo e as fachadas de suas casas em telas tridimensionais semelhantes ao palco de um teatro, feitas de forma artesanal e muitas vezes com materiais reciclados.
De forma "pacífica", eles criam "representações vívidas de questões políticas, ambientais, culturais e sociais na Colômbia e em todo o mundo", explica a Unesco em seu site.
A origem dos quadros vivos não é clara.
Um documento do Ministério da Cultura afirma que a "versão mais forte" é que "foi introduzida durante a segunda metade do século XIX como uma prática da religião católica para evangelizar, por meio da imagem, as comunidades agrárias iletradas estabelecidas nesses territórios".
O texto oficial afirma que a prática articula "as expressões cênicas do catolicismo europeu com as tradições teatrais pré-colombianas".
Galeras está localizada em La Mojana, uma região famosa por suas terras férteis e ideais para a criação de gado, razão pela qual foi um ponto-chave da colonização espanhola desde o início.
A Unesco anunciou sua decisão de incluir os quadros vivos na lista de patrimônio imaterial durante a sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, que está ocorrendo desde segunda-feira em Assunção.
As ruas de Galeras também estão repletas de desfiles e procissões ao som da gaita, um instrumento de sopro tradicional da costa caribenha, de origem indígena, feito a partir de um cacto.
* AFP