A França deu um passo importante nesta terça-feira (30) em direção a Rabat, ao reforçar o apoio ao plano marroquino para o Saara Ocidental, que considera "a única base" capaz de resolver o conflito com os independentistas da Frente Polisário, afirmou o Gabinete Real do Marrocos.
A Frente Polisário denunciou que, com esta decisão, a França apoia "a ocupação violenta e ilegal" do Saara Ocidental, e a Argélia, que apoia os separatistas saharauis, decidiu retirar o seu embaixador em Paris em sinal de protesto.
Segundo um comunicado do Gabinete Real, divulgado durante a feriado do Trono, que marca a entronização há 25 anos do rei Mohammed VI, o presidente francês, Emmanuel Macron, enviou uma carta na qual indica que o plano marroquino "constitui a único base para alcançar uma solução política justa, duradoura e negociada, de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas".
"O presente e o futuro do Saara Ocidental são parte do marco da soberania marroquina", afirma a carta, que não reconhece expressamente o Saara Ocidental como Marrocos.
A disputa sobre o Saara Ocidental remonta a 1975, quando o governo colonial espanhol se retirou do território, o que iniciou uma guerra de 15 anos entre Marrocos e o grupo separatista Frente Polisário, apoiado pela Argélia.
Atualmente, quase 80% do Saara Ocidental é controlado por Marrocos, que propõe um plano de autonomia sob a sua soberania.
Porém, com o apoio da Argélia, a Frente Polisário reivindica a sua soberania sobre o território e pede a organização de um referendo de autodeterminação previsto desde 1991, no âmbito de um cessar-fogo.
A ONU considera que o território, que tem importantes recursos naturais, é um "território não autônomo".
Nesta terça-feira, a Chancelaria argelina anunciou "a retirada com efeitos imediatos" do seu embaixador em Paris, e indicou que "a representação diplomática argelina na França depende agora de um encarregado de negócios".
A iniciativa francesa constitui "um passo que nenhum outro governo francês tinha dado" até agora, insistiu a Chancelaria.
* AFP